segunda-feira, 2 de junho de 2014

Uma poesia de Francisco Manuel de Mello:



Saudades

Serei eu alguma hora tão ditoso,
Que os cabelos, que amor laços fazia,
Por prémio de o esperar, veja algum dia
Soltos ao brando vento buliçoso?

Verei os olhos, donde o sol formoso
As portas da manhã mais cedo abria,
Mas, em chegando a vê-los, se partia
Ou cego, ou lisonjeiro, ou temeroso?

Verei a limpa testa, a quem a Aurora
Graça sempre pediu? E os brancos dentes,
por quem trocara as pérolas que chora?

Mas que espero de ver dias contentes,
Se para se pagar de gosto uma hora,
Não bastam mil idades diferentes?

2 comentários:

  1. Hermosa poesía
    coronada por una palabra que solamente existe en el portugués y en el gallego y que como dijo Paulo Coelho no tiene tradución a ninguna otra lengua

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    1. É verdade, e é uma das palavras que mais dificuldades oferece para ser traduzida.

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