quarta-feira, 30 de abril de 2014

Reponho uma poesia do poemário Amanhecer obscuro:

Cur non mitto meos tibi, Pontiliane, libellos ?
Ne mihi mittas, Pontiliane, tuos.

(Marcial, Epigr., VII, 3)

O binómio de Newton não é belo
é apenas um binómio:

é uma expressão que permite
calcular o desenvolvimento
de (a+b)n, sendo a+b um binómio
e n um número

Se ao menos n não fosse um número...
mas é! Dizem que é até um número natural

Os números podem até ser naturais
e pode ser reclamada a propriedade dos binómios;
continuarão a ser apenas expressões
de algo que não sabemos sequer se sabemos

Alexandre tinha inveja de Aquiles
que foi cantado por Homero.
Não teria inveja daquele binómio, o de Newton;
ao que sabemos, Newton não cantava

E mesmo que cantasse!

Já tinha estragado tudo
fazendo um binómio

Binómios não se fazem;
sabe-se que se podem fazer.
mas não se fazem!

Goethe preferia a injustiça à desordem
Newton preferia os binómios
o que será pior?

O binómio de Newton não é belo;
se não fosse de Newton, nem binómio
seria belo

António Eduardo Lico
Uma poesia da poetisa cubana Dulce Maria Loynaz:

LA ORACIÓN DE LA ROSA

Padre nuestro que estás en la tierra; en la fuerce
y hermosa tierra;
en la tierra buena;
Santificado sea el nombre tuyo
que nadie sabe; que en ninguna forma
se atrevió a pronunciar este silencio
pequeño y delicado..., este
silencio que en el mundo
somos nosotras,
las rosas...
Venga también a nos, las pequeñitas
y dulces flores de la tierra,
el tu Reino prometido...,
Hágase en nos tu voluntad, aunque ella
sea que nuestra vida sólo dure
lo que dura una tarde...
El sol nuestro de cada día, dánoslo
para el único día nuestro...
Perdona nuestras deudas
-la de la espina,
la del perfume cada vez mas débil,
la de la miel que no alcanzó
para la sed de dos abejas...-,
así como nosotras perdonamos
a nuestros deudores los hombres,
que nos cortan, nos venden y nos llevan
a sus mentiras fúnebres,
a sus torpes o insulsas fiestas...
No nos dejes caer
nunca en la tentación de desear
la palabra vacía - ¡el cascabel
de las palabras!...-,
ni el moverse de pies
apresurados,
ni el corazón oscuro de
los animales que se pudre...
Mas líbranos de todo mal.
Amen.

segunda-feira, 28 de abril de 2014



Do blog Princesa Poliedrica recebi este prémio, o que muito me apraz e agradeço.

Reponho uma poesia do poemário Amanhecer obscuro:

Once… a few verses

Once I wrote a few verses

 there were nightingales on your fingers,
green snakes grew up from your hair
as if Spring was inside you

I wrote a few more
but I can’t remember them
they were destroyed
by the acid only time has

someone told me
that using the word acid
was good for my poetry
critics love reading
this word trough the poems

oh critics, see how well
I use the word acid!
What? No, I am not a chemist
nor even a grammarian
I just draw words

without knowing the meaning

If I was a poet, pardon, a critic
or a thin literate, I should know
that nightingales belong to the dawn
and snakes to the Scriptures.
Spring is a question of Cancer
or Capricorn, all depends on latitude.
I am not a geographer
and I have to finish some verses:

there were nightingales on your fingers,
green snakes grew up from your hair
as if was Spring inside you…

If you don’t mind!


António Eduardo Lico
Uma poesia do poeta salvadorenho Roque Dalton:

LO QUE ME DIJO UN LOCO

Me contaste que tu padre era un pequeño mar.
Que los ángeles son unos estupidillos
Pero por las noches hacen mucho daño con sus uñas de cola de cometa.

Me contaste que en tu casa la lluvia naufraga
Y tus hermanas castran furiosas los almendros.

Me contaste que los sedientos son la gran esperanza.

Que silbar en los parques es confesarse impotente
De recuperar el vino de las palabras que uno doce de niño.

Me contaste que la mujer gorda te era desconocida
Y que por eso odiabas los gestos de su espalda.

Me contaste que era mejor no salir a la calle
Porque a cierta edad es obtuso hacer víctimas.

Me contaste que hay algo que llama luz
Imposible de explicar con las manos.

Me contaste que los árboles no son los principales enemigos
Y que no debería nada de lo que hablan desde el otro lado de las rejas..

domingo, 27 de abril de 2014

Reponho uma poesia do poemário Amanhecer obscuro:

Obscura é uma clara palavra

 Obscura é uma palavra que não é obscura
os poetas é que gostam de a usar.
Obscura, ela é clara na sua intenção.

António Eduardo Lico
Uma poesia de Vasco Graça Moura:

princípio do prazerà sua volta os pombos cor de lava 
nos arabescos pretos do basalto 
e gente, muita gente que passava 
e se detinha a olhá-la em sobressalto 

no seu olhar havia uma promessa 
nos seus quadris dançava um desafio 
num relance de barco mas sem pressa 
que fosse ao sol-poente pelo rio 

trazia nos cabelos um perfume 
a derramar-se em praias de alabastro 
e um brilho mais sombrio quase lume 
de fogo-fátuo a coroar um mastro 

seu porte altivo punha à vista o puro 
princípio do prazer que caminhava 
carnal e nobre e lúcido e seguro 
com qualquer coisa de uma orquídea brava 

e nas ruas da baixa pombalina 
sua blusa encarnada era a bandeira 
e o grito da revolta na retina 
de quem fosse atrás dela a vida inteira. 

sábado, 26 de abril de 2014

Reponho uma poesia do poemário Amanhecer obscuro:

Havia um crítico...

Havia um crítico que gostava de criticar poesia.
Digo analisar. E analisava!
Analisava em jeito de caixa de petri,
Dizem-me alguns que era mais tubo de ensaio.
Não sei se era um senhor alto, ou baixo,
se usava chapéu e se fazia ginástica.
Se a fazia, não a devia fazer
os críticos nunca fazem ginástica,
com excepção dos críticos que a fazem,
poderia dizer um filósofo
que subitamente virasse lógico.
Perante o poema, sim, faz ginástica:
Fala de Lyotard, sim esse mesmo
que foi promovido a fenomenologista;
vejam bem, ele falava de fenomenologia,
e nem sei como não o promoveram
à incarnação gaulesa de Kant:
assim, uma espécie de Kant
perdido nos canteiros de Versalhes
e nas alamedas das universidades
olhando para as pernas das jovens estudantes.
Por sorte (a de Kant), Kant há muito morreu,
ainda seria olhado como pós-moderno.
Estou a ver: Kant, esse prolegómeno pós-moderno!
Depois desse Lyotard é que chegam os exercícios pesados:
Chega Sein unt Zeit, chega Heidegger.
Pois ele não dizia que era herdeiro
legítimo da tradição metafísica europeia,
e que estava solidamente escorado no niilismo,
e até falava de ontologia
e do esquecimento do ser como centro de interrogação
e que a linguagem é a casa do ser?
Se for caso disso, remata o exercício com Baudrillard,
de caminho vai dizendo que Platão e Aristóteles eram gregos...
Eu nunca escrevi um poema que fosse assim:
As rosas ao meio dia são mais antigas
que as rosas às onze horas

Eu sei que nunca escrevi, mas poderia ter escrito
Não escrevi, porque não sou dado a exercícios.
Se escrevesse, iriam trazer Lyotard, para falar
Da pós-modernidade moderna sem modernistas,
de como a democracia tanto deve
ao professor nazi de filosofia
Martin Heidegger de seu nome, substituto de Husserl
iriam trazer esse Baudrillard, ou outros.
Melhor era usarem um manual de jardinagem
um dos bons, que os há.
Os manuais de jardinagem sabem falar de rosas.
Os poetas, como não sabem falar de rosas
falam das rosas que irão um dia existir,
se existirem!

António Eduardo Lico



Uma poesia do poeta chileno Carlos Trujillo:

A la mesa en la noche

La mesa ofrece su circular cubierta a mis papeles
Se fueron el pan y el café
La leche y el azúcar
Las manos de mis hijos partieron a dormir
Ahora mis papeles repletan esta mesa
La noche se hace enorme
Me llama a su regazo
Me voy entre palabras hilvanadas a medias
Mis hojas de papel reposan desganadas
Un sorbo delicioso de mi vaso de vidrio
Alivia la garganta de la noche sedienta
Todo se vuelve sed
Sueño y silencio
La palabra respira en la hoja de papel
Yo me sueño escribiendo
Dibujando palabras
Y el poema me inventa y me dice que existo
Más allá de esta página

sexta-feira, 25 de abril de 2014

Reponho uma poesia do poemário Amanhecer obscuro:

The dance of the Death is clumsy…and gracious

 The Death knows to dance,
dances from birth till the final compass.
Clumsy and gracious she wanders
inside your veins and gazing
into your eyes as if wanted to kiss you.
One day, that dark Lady
shall return from your bones
and invite you for a last tango.
Smile and accept.
You are dancing for the eternity.

António Eduardo Lico
25 de Abril Sempre!

Uma poesia de Sophia de Mello Breyner:

25 de AbrilEsta é a madrugada que eu esperava 
O dia inicial inteiro e limpo 
Onde emergimos da noite e do silêncio 
E livres habitamos a substância do tempo 

quinta-feira, 24 de abril de 2014

Reponho uma poesia do poemário Amanhecer obscuro:

Em Maio houve Maiakovski


Em Maio veio Maiakovski, o futurista
trazer as flores que Maio não tinha
e versos que soavam como bigornas.
Se calhar pensam que foste jansenista,
ou modernista, sem ser moderno.
Como tu gostavas de quadrados!
Há quem te pense até um geómetra
e veja nos teus poemas
o despontar de um novo Pitágoras -
de cada adjectivo fazias uma hipotenusa
davas formas poligonais aos advérbios
até fizeste triângulos com interjeições...
e da sintaxe fizeste um soviete, o supremo.
Dizem-me que mesmo um soviete
por supremo que seja não é geometria.
Não terá ao menos uma linha recta?
Era Abril, e já pressentias o futuro Maio
tu que eras um futurista condicional
e desenhaste em Abril
todas as flores que devem enfeitar os Maios.

António Eduardo Lico
Uma poesia do poeta salvadorenho Ricardo Bogrand:

Canto final a la ciudad

 Ciudad de vagas sombras coloniales,
Te siento en cada vuelco de mi nueva esperanza.

Estás en el más simple de mis actos,
En mi nativo sueño,
En mi constante fuego desatado.

Amo tus ventanales ojerosos, tu dura luz,
Tu rara geometría,
Tu abanico de sombras,
Tu silueta de alfombra musulmana.

He recorrido todos tus matices,
Tu definida historia, tu modesto atavío,
Tus reliquias.
He ido a cada paso de tu anhelo
Y viajas en mi sangre, inseparable.
Yo te encuentro en mis manos, San Miguel,
Y te muestro desnudo frente a cada latido
 De los pueblos.

Eres noble y leal con tu silencio,
Con tu eterna mañana.
Eres noble y leal con tu gran pueblo,
Donde el hombre es palabra no apagada.

Ciudad del nuevo grito, ciudad-jardín,
Geranio indescifrable.

Ciudad de altiva voz,
Pájaro alerta.

Ciudad de alero inmenso, 
Hospitalario suelo de agua quieta.

Legendaria ciudad, siembra morena, 
Te ofrezco esta canción desde mi roja sangre: 
Mañana un nuevo trigo habrá en tus mesa. 

quarta-feira, 23 de abril de 2014

Reponho uma poesia do poemário Amanhecer obscuro:

Marinheiros de Lisboa (nas Descobertas)

Eram apenas carne e ossos obscuros
os anónimos marinheiros de Lisboa.
Foram gente famosa, homens de aventura
e ninguém os conhecia, ou veio a conhecer.
Navegavam como se o Tejo nunca acabasse,
carregavam todas as gaivotas, como se
de guitarras se tratasse, e cantavam...

António Eduardo Lico
Uma poesia da poetisa espanhola Ivone Sánchez Barea:

HORIZONTE DE SUCESOS
 
Tránsito atemporal
de universos paralelos...

En espiral veloz
un instante...

Hallar los mundos de los mundos,
los cosmos de los cosmos.

No silenciar el dimanar,
ni detener el deambular del globo.

Sin acallar la palabra,
en el camino.

Bandera de luz,
escudo de agua.

Fecundo río, natural concepto.

Pensamiento abstracto,
sucede en el horizonte.

terça-feira, 22 de abril de 2014

Reponho uma poesia do poemário Amanhecer obscuro:

Horas felizes!

 As horas são felizes
Porque não sabem que são felizes.
Nem sabem que são horas
e têm minutos e segundos.
Nem imaginam que sisudos
Académicos dizem que têm
décimos de segundo, centésimos de segundo
e inclusivé nano segundos!?
Divertidos esses académicos,
banais imitadores de Zenão.
Quase conseguiram que
As horas não acabem

António Eduardo Lico
Uma poesia da poetisa cubana Isabel Cuello:

AUSENCIAS

Siento mi infancia de patio de tierra
y enredaderas,
una semilla de mango sembrada
para que creciera conmigo
el olor de los primeros tostones
que vi freír a mi abuela,
a mi madre,
estampa recurrente cuando los hacía para mi hijo.
Ausencia, no pueden freírlos para mí.
Ausencia, no tengo para quién freírlos.

segunda-feira, 21 de abril de 2014


Do blog Misterio Azul recebi este prémio.
Obrigado.


Devo agora responder a onze perguntas que me foram colocadas:



1.- Te gusta la lluvia? Por qué.
Sim, porque me faz lembrar o sol.

2.- Cuál es tu filosofía de vida?
Carpe Diem

3.- Estás enamorado/a?
Sempre

4.- Cómo de importante es el dinero para ti?
Não é importante

5.- Qué tipo de literatura prefieres?
Poesia

6.- Di algo que te guste mucho
Dormir

7.- Di una meta que tengas
Ser feliz

8.- Cuál es la última meta conseguida?
Não me lembro...

9.- Te sientes coherente?
Sim, algumas vezes

10.- Qué es lo que te gusta más de ti?
Não falar muito

11.- Qué es lo que te gusta menos de ti?
Deve haver algo...






Reponho uma poesia do poemário Amanhecer obscuro:

Não sei o que é a Poesia...

Não sei o que é a Poesia;
Se o soubesse, não escrevia poesia.
Para quê escrever o que já se conhece?
Escrevo palavras, e espero
que deuses descuidados
tratem de lhes dar sentido.

António Eduardo Lico
Uma poesia da poetisa salvadorenha Claudia Meyer:

Vuelo final II

No eres tú muerte,
orquídea de pétalos destronados,
la que el condenado a praderas
lleva entre los ojos ausentes:
es un triste vuelo de ala truncada,
un beso de piedra vacío de viajeros
o el frío azul que se olvidó en el vientre.
Puse la frente en tu espuma profana
y atravesó el granizo mi máscara férrea;
sin campanas,
 sin insectos,
 sin alma,
sola fui lo que no pudo renacer:
una nueva patria del silencio.

sexta-feira, 18 de abril de 2014

Reponho uma poesia do poemário Amanhecer obscuro:

Babylon


Lloyd was Lloyd.
He was also Georges.
So he was Lloyd Georges,
the Welsh magician.
Being Lloyd, he was Georges.
Being Georges, he was Lloyd.
He was destinated to be Lloyd Georges.
Lloyd Georges was dual.
No, he wasn’t because he was Lloyd and Georges,
or Welsh and British, even lawyer and politician.
Our man had always two positions as a politician;
perhaps, as a lawyer, even more
you know how the lawyers are…
Good old Lloyd…and Georges
let me remember you a minuteness;
oh that minuteness was laying
obscure at Babylon sands;
you see, I couldn’t resist to use
the word obscure; all poets use it, sooner or later.
Remember old Lloyd?
Oil, that’s it! Oil!
Remember good old Lloyd
your words, your joy –grab all that oil!
Where was your dual and proverbial position?
I know you was Lloyd, you was Georges,
later Lloyd Georges.
Let me guess old Lloyd, let me guess
I can see (and hear) you – There is Babylon
I am a lawyer; I want the hanging gardens at Downing Street
to study better this legal monument that is the Code of Hammurabi
the oil is just a detail, as the sand is just a detail in the desert
and I (him, Lloyd Georges) am not Nabuchodonosor,
I am not in prophet Daniel’s famous dream
even a prophet, a good one, couldn’t predict me.
Good old Lloyd Georges, Oh my welsh magician
you are dual and cold on your grave
and Babylon rests ignored under antique sands
never more vanquished, never more found.
Uma poesia do poeta panamiano Pablo Menacho:

Los grandes espejismos

Canto Primero
Inicio el viaje a tus pupilas,
al verbo y a la luz que lo habitaba
en aquellos largos inviernos
sembrados de siluetas por la lluvia.
Hacia esas calles confusas y grises
de las grandes ciudades
cubiertas de máscaras indescifrables y tristes
donde borraría los rostros que la brisa dibujara
y los nombres todos,
dispersos aún por las paredes
de los viejos edificios.

Inicio el viaje aquí,
en este rincón del mundo que teje
y desteje el viejo chal de quien espera.

(Todavía hoy,
con nuevos y solemnes vestidos,
los viejos navegantes atraviesan este mar
y aguardan el amanecer sobre sus olas,
siempre despeinadas
por el viento del nordeste.)

quinta-feira, 17 de abril de 2014

Reponho uma poesia do poemário Amanhecer obscuro:

Este habitar em mim...

Habito dentro de mim
E vejo-me fora de mim.
Não sei ser, sem não ser.

António Eduardo Lico
Uma poesia de Sophia de Mello Breyner Andresen:

Che GuevaraContra ti se ergueu a prudência dos inteligentes e o arrojo 
                                                                  [dos patetas 
A indecisão dos complicados e o primarismo 
Daqueles que confundem revolução com desforra 

De poster em poster a tua imagem paira na sociedade de 
                                                                [consumo 
Como o Cristo em sangue paira no alheamento ordenado das 
                                                                [igrejas 

Porém 
Em frente do teu rosto 
Medita o adolescente à noite no seu quarto 
Quando procura emergir de um mundo que apodrece 

quarta-feira, 16 de abril de 2014

Reponho uma poesia do poemário Amanhecer obscuro:

O verde e o azul do mar e os filósofos franceses

 Verdes as ondas
onde o mar é azul.
O que diria um filósofo francês?
Faria doutrina que é cinzento;
que o mar é pós-moderno.
E nós? Nós os que
não somos franceses, nem philosophes?
Ficamos calados.
No mar habitam o verde e o azul.
O lixo que tem, esse é pós-moderno.

António Eduardo Lico
Uma poesia do poeta mexicano Óscar Oliva:



Estos cielos que relampaguean
con cuchillos de sol mudo,
al quebrarse me hacen caer
junto a nubes estancadas
que han perdido toda memoria  
verbal y lección de labios.
Y la caída es sobre el ojo y su ejército
de semilla escrita.

terça-feira, 15 de abril de 2014

Reponho uma poesia do poemário Amanhecer obscuro:

Eu

 Que vozes desconhecidas
cantam em mim?
Que dedos sombrios
escrevem os meus versos?
Quantas pessoas me habitam?
Só eu me pertenço
e canto nas manhãs obscuras.
De mim apenas se sabe que sou eu.

António Eduardo Lico
Uma poesia do poeta cubano Emilio Ballagas:

Nocturno

¿Cómo te llamas, noche de esta noche?
Dime tu nombre. Déjame
Tu santo y seña
Para que yo te reconozca
Siempre
A través de otras noches diferentes.

Tú me ofreces su frente en medialuna
(Medialuna de carne),
Sus labios (pulpa en sombra)
Y su perfil al tacto…
(Mañana mi derecha
Jugará a dibujar su contorno en el aire.)

¿Cómo te llamas, noche de esta noche?
Dime tu nombre, déjame
Tu santo y seña
Para que yo te reconozca
Siempre
A través de otras noches diferentes.
¡Y que pueda llamarte gozoso,
Trémulo,
Por tu nombre!

segunda-feira, 14 de abril de 2014

Reponho uma poesia do poemário Amanhecer obscuro:

Soneto da manhã obscura

 Procuro da manhã o doce orvalho
Com que possa matar a minha sede
Que da infinita noite procede
Como secreto porto onde encalho

Oh gnóstica manhã onde eu talho
O que a minha boca não me pede
E nem o deus antigo intercede
E faz macio o chão em que batalho

Oh noite portentosa e magnífica
Ardes e consomes-te como sonho
Que cada manhã em vão certifica

No meu canto agudo e medonho
Que de ser vão mas claro, dulcifica
O fresco orvalho que me imponho

António Eduardo Lico
Uma poesia do poeta espanhol Chema Rubio Velasco:

Por la Senda de los Pinares Segovianos: Camina el Recuerdo

Me dejo alfabetizar por la vida,
de la que aprendí a llevar
siempre conmigo,
el libre aire de los pinares
y la música vanidosa de sus agujas
sabiduría orgullosa y solidaria
de la resina que el pino,
guarda en sus entrañas.

domingo, 13 de abril de 2014

Reponho uma poesia do poemário Amanhecer obscuro:

Secreta dorme no seu casulo...

Secreta, dorme no seu casulo
um sono suspenso, a crisálida.
Se Darwin te visse!
Se um criacionista, ou mesmo dois,
pudessem penetrar o teu sono!
Até um adepto de Lamarck
poderia investigar o teu caso!
Não queria falar em Lamarck...
Já sei que me vão falar em Lysenko.
Trofim Lysenko para ser quase exacto.
Tinha mais um nome, mas não vou usá-lo.
Quero apenas ser quase exacto.
A exactidão aprende-se, não está na genética.
É isso, Lysenko não queria a genética;
e detestou Mendel; Mendel apreciava ervilhas,
era austríaco, e sem o saber originou a genética:
é o que muitos afirmam; Mendel, nunca soube
que tinha fundado alguma coisa.
Os que dizem que fundou alguma coisa,
sem o saberem, ou os que depois
inventaram o termo GENÉTICA,
talvez apenas gostem de ervilhas!
Lysenko...não se sabe o que originou!
Pelo menos não o sabem os que o criticam
e apenas dizem que o malvado Lysenko
não queria a genética.
Lysenko não queria Mendel e não queria
ervilhas, nem flores de ervilhas.
Indiferente aos meus versos,
aos que trucidam Lysenko em manuais
que apenas são conhecidos no corredor
do Departamento dos autores,
a crisálida dorme sem saber que dorme;
dorme um sono frio e distante.
Dorme e não sonha, nem sabe
que dorme para acordar para a luz.

António Eduardo Lico
Uma poesia da poetisa mexicana María del Socorro Soto:

Piso tu orilla con mis pies descalzos

Piso tu orilla con mis pies descalzos
el comal de tu vientre se asolea
vistes de barro tu espalda
corredores y surcos encendidos
senos de miel y ambrosías
si abres tus piernas el trigo germina
tierra roja
seca
donde la campesina entregó su rebozo
puso su deseo en el membrillo
y la golondrina se tapó los ojos
El crepúsculo sangra por la herida
fuego que reza al amanecer
desiertas las alondras
el llano descalzo se santigua
Yo, silenciosa contemplo tu santuario
¡Buenos siglos!
canta la mañana
Los huesos de la tierra están de fiesta
el vino de Baco las chorrea
hojas de eternidad
granos de ausencia
Eurínome y las frutas del paraíso
bailan con cada árbol que de noche llega
y ahí engendran la sandía,
el durazno

sábado, 12 de abril de 2014

Reponho uma poesia do poemário Amanhecer obscuro:


Escrevi uns versos em que falava
de oceanos tristes.
Os oceanos não são tristes; nem alegres.
São oceanos quando uns senhores
a que chamam geógrafos
decidem que são oceanos.
E decidem que são apenas oceanos; nem tristes, nem alegres.
Se eu escrevesse um verso assim:
“Oh taciturno Atlântico Oceano”.
Teria por certo exegetas, que iriam falar
de uma certa tendência classicista
nos meus versos; talvez até digam que eu estudei Latim...
Teria legiões de geógrafos a reclamarem
em cenáculos nacionais, internacionais e transnacionais
que de oceanos só eles podem falar.
Que nunca foi encontrado um oceano taciturno.
Eu não sou contra os geógrafos.
Devia haver muitos geógrafos. Milhões de geógrafos.
Tinham emprego garantido
A ensinar Geografia aos gringos.
O Mar Negro, é Mar Negro;
se fosse taciturno, ou fosse
outra coisa qualquer,
certamente estaria irritado com os geógrafos.
Os Mares também se irritam?
Porque é apenas Mar Negro
E não Oceano Negro?
Só os geógrafos o sabem.
Eu regresso à Água.

António Eduardo Lico
Uma poesia da poetisa salvadorenha Mercedes Durand:

Vengo del viento

Vengo del viento azul
Donde el jacinto
Sorprende en su temblor al lirio de agua.
Vengo en el viento
Y con el viento traigo
La voz delgada del Guarajambala,
El eco acantarado del Sumpul,
El dialecto azulino del Jibia
Y la música en flor del viejo río.
Del río de las barbas de esmeralda,
Del río que se extiende por los valles,
Del río que amortaja a los cadáveres,
Del río de la luz en las entrañas,
Del río viejo,
Del río sangre,
Del río indio,
Del río padre,
Del río río,
Del río Lempa…
Vengo en el viento
Y con el viento traigo
Suspiros de copal,
Aire de bálsamo,
Guirnaldas de esquinsuche
Y aliento de cacao…
Vengo del viento
Y con el viento traigo
La oscura ramazón de los caobos,
El canto melancólico del guauce,
La auora vegetal del maquilíshuat,
El jacamar y su plumaje huraño…
Vengo del viento
Y con el viento traigo
Un corazón de viento huracanado…

sexta-feira, 11 de abril de 2014

Reponho uma poesia do poemário Amanhecer obscuro:

Tuve amor y tengo honor.
Esto es cuanto sé de mi.

(Calderón De La Barca)


Um poema stalinista

Velhos (e novos) trotskistas
gritam com vozes aflautadas
que os stalinistas são muito maus.
Jovens intelectuais trotskistas
sonham, em segredo ser possuídas
por velhos e empedernidos stalinistas.
Os velhos (e novos) trotskistas
gritam sempre com vozes aflautadas,
e gostam de fingir que sabem tudo.
Até fingem que sabem geografia!
Um velho trotskista, Wolfowitz,
 (não faltará quem diga que é novo)
mais polaco que americano, contudo americano,
(os polacos gostam de ser americanos),
Que o diga Brzezinski!
Dizia (Wolfowitz): eu sei onde é o Afeganistão!
O Afeganistão é a nossa geografia,
Queremos o Indo Kush! E a Ásia Central!
Ungiu de trotskismo, Cheney e Rumsfeld.
Bush não fui ungido.
Foi ungido noutra internacional;
Escapou por pouco à unção de Wolfowitz.
Verão como a Babilónia
faz parte da mossa geografia,
eu sou Nabucodonosor,
e vou reconstruir os jardins suspensos
e vou tornar trostkista o Afeganistão,
clamava com voz de Quarta Internacional!
Alexandre, O Grande Alexandre
Devia ignorar por completo
Os delicados meandros da Revolução Permanente,
E deve ser um dos precursores do stalinismo;
para além de tudo, venceu no Indo Kush.
Genghis Khan, esse soldado alado da estepe
devia ser completamente ignorante
das magnas assembleias da Quarta Internacional
e dos intelectuais de barbichas e óculos,
pois venceu no Afeganistão, e chegou à Hungria;
o que diria Lukacs se fosse vivo!
O que diriam os velhos e graves filósofos,
Perceptores de Alexandre?
Vou deixar a gravidade destes versos
e vou fazer como os velhos poetas:
cantar as flores, o vinho, e as mulheres:
com o tempo, escolho a ordem certa.

António Eduardo Lico
Uma poesia da poetisa colombiana Consuelo Hernández:

Festín de los cuatro elementos

El viento abre sus fauces y respira.

Hambre tienes ¡Oh viento!
hambre de vidas
de mujeres y hombres que aderecen tu mesa
silencia al pájaro en el monte más alto
multiplicas los muertos y cosechas olvidos.

Hambre tienes ¡Oh tierra!
hambre de espacio
de carne de todas las especies
y te alías al viento que le brinda alimento.

Hambre tienes ¡Oh río!
hambre de gritos de horror
de patadas de ahogados
de curvas desnudas
del ojos con mirar indefenso
mientras les siegas la vida.

He visto en llamas el volcán
las ruinas que deja el huracán
los cementerios que improvisa el terremoto
siento algo incontenible en la garganta...

¡Su fiesta es la feria de la muerte!
e invitaba a un río que se antojaba otro
delineaba nuevo curso pavoroso.

Ya no veré más a María
sirviendo una sopa en Chinandega
ni a Luvina con sus hijos
en su caballo famélico
se ha ido Tony con el Jazz y sus sueños intactos.

Sin develar la aritmética exacta de la vida
en la propia culminación de su festejo
pasa la orgía de los cuatro elementos.

quinta-feira, 10 de abril de 2014

Reponho uma poesia do poemário Amanhecer obscuro:

(A rosa de Hiroxima

..mas oh não se esqueçam
Da rosa da rosa
Da rosa de Hiroxima
A rosa hereditária
A rosa radioativa

Vinicius de Moraes)


Caía do céu, calmamente, segura num paraquedas,
para se fazer rosa mais abaixo.
Ilha de Hondo, delta do rio Ota, Hiroshima!
Sem que o soubesse, Hiroxima, iria render-se
a uma metálica flor que descia do céu
e o seu nome ficaria para sempre escrito
a fogo em todas as flores.
Ai rosa de Hiroxima, rosa de ferro,
rosa sem perfume e sem pétalas,
só nascida em Hiroxima,
como se esperasses por um jardim
em que a chuva é de ruína
e te faz nascer cinzas em vez de pétalas.

António Eduardo Lico
Uma poesia do poeta guatemalteco Alan Mills:

Cierta vez, una mujer vino
y empecé a empezarme
rabioso gustoso de mujer
mujereándose en mí.
El camino fue largo,
largos pasos de saliva, sal,
orines estallando en tinas compartidas,
gritos de turbiedad saciada.
Tanto nervio despuntando noches,
vino derramándose en los vientres
y más abajo.
El recorrido de lenguas debiera serse
la principal materia de la poesía lírica.
Tanta piel caminada, dolor de piernas.
tanto explosionarse,
hacerse costras dulces.

terça-feira, 8 de abril de 2014

Reponho uma poesia do poemário Amanhecer obscuro:

El misterioso Ocidente de Castilla

Castilla y su acidente menor, el altiplano;
algunos prefieren decir
que Castilla es el altiplano.
Si, que el mayor acidente de Castilla
es cuando se acaba el altiplano.
Ah, Castilla, te vuelves sin geografia?
Yo sé, te hace falta Portugal  y su famosa gente;
son 89.000 Km quadrados de geografia
que puedes mirar de tus alturas.
Tu luna es la luna castellana
y cuando pasa la frontera
luego vuelve portuguesa
es la luna portuguesa
asi, es la geografia, y la luna
también pasa la raya.
lunita rayana de todas las noches,
escondida, pasas la raya
e luego eres portuguesa.
Lunita rayana, olvida Castilla
y da tu luz de plata
a tu misterioso Ocidente.

Antonio Eduardo Lico
Uma poesia do poeta argentino Antonio Cali:

Hoy, me parece importante el árbol de enfrente
saliendo de la tierra tierna del mundo,
mientras sus raíces siguen enquistadas
como un ancla buscando también su agua.
Hoy, creo que ese árbol de enfrente tiene la bondad del pan.
A través de la ventana no puedo explicarme tanto misterio.
Por eso resisto, agarrado, a este pocillo de café.

segunda-feira, 7 de abril de 2014

Reponho uma poesia do poemário Amanhecer obscuro:

Ao amanhecer, o mar

Torrencial mar, esse, o Atlântico.
Está perdida essa tua rosa-dos-ventos
como gaivota adormecida na
espuma líquida da tua geografia.
O teu mais célebre náufrago,
esse do Restelo, o Velho,
voga como peixe triste
entre lânguidos corpos de sereias.
Já não tens navegadores
de olhar perdido no horizonte
que te procurem o Oriente e o Poente,
nem largam ténues barcas
para indagarem do Sul, a rosa
quente e promissora que ocultas,
Existes só e inexpugnável
roçando acidental praia
com a tua brilhante espuma
refulgindo de branco
no obscuro amanhecer
com que te cercam.

António Eduardo Lico
Uma poesia do poeta espanhol Antonio Porpetta:

El inicio

Era largo el amor bajo los pinos.
Pequeños como espigas, nuestros cuerpos
habían descubierto manantiales
de adelfas y jazmines
dormidos en la piel.
                            Los labios extendían
su hermosa dictadura
como si fueran ráfagas
de un viento inagotable,
y en la memoria el tiempo dispersaba
las primeras semillas de una lumbre
dulcísima y feroz.
Yo jugaba despacio con el rubio
milagro de sus trenzas,
modelaba en mis manos su ternura
hecha barro reciente y ofrecido.
Y ella, toda universo, me miraba,
duradera y fugaz, como una aurora.
Era largo el amor, y prodigiosas
aquellas horas lentas
tan repletas de luz, tan regresadas
a través de la lluvia.
Mas, ¿era aquello amor, o solamente
la vida que brotaba
fulgurante y sumisa ante nosotros?
Entonces no sabíamos
dónde estaba el secreto de los astros
y la respuesta anclada, lejanísima,
nunca rompió el sigilo.
                      Pero adentro, en las hondas
veredas de la sangre,
un ancho patrimonio de volcanes
resonaba .

domingo, 6 de abril de 2014

Reponho uma poesia do poemário Amanhecer obscuro:

Une Voyage

 Les violons

Ah, o teu nome é obscuro - Louis-Ferdinand Destouches,
então surge aquilo que te decifra e te consome – Celine.
Celine, eis o nome, alguns dirão até 666.

Crépuscule
 
Et ton Voyage au bout de la nuit?
Tu dizias que não eras um homem de ideias,
as ideias, estavam nos livros, volumes e volumes;
a ti só o estilo de interessava.
Tu étais un homme à style.
Não te perdoaram que tivesses escrito
O inesperado de Voyage au bout de la nuit,
Algo assim, só eles podiam  fazer.
Adivinhaste, culpam-te dos Pamphlets;
culpam-te ainda mais  dos Pamphlets,
e dizem a palavra definitiva: antisémite;
essa palavra com que exterminam
todos os que não gostam; e eles não gostam de muitos.
De mim, é difícil dizerem que sou um desses, vejamos:
Gosto dos Fenícios, eram semitas,
e se não eram deveriam ser.
Gosto do povo de Kem, eram os egípcios antigos,
e eram semitas genuínos, genuínos mesmo.
Gosto dos Camitas, e porque não dos Filisteus?
acaso não eram semitas? Dos da Babilónia
gosto também, e são semitas desde sempre;
hoje ninguém se lembra, mas eles podem esquecer-se;
e esqueceram-se, esqueceram-se.
Já vai longe a Suméria, diziam que vinham da Anatólia
(os Sumérios – claro)
e depois, a sua brilhante civilização
foi substituída por sucessores semitas.
Eles esquecem-se, e até dizem que a História começa
com a Suméria. Eles esquecem-se, esquecem-se.
Estão sempre a esquecer-se;
mesmo quando não se esquecem,
é porque se esqueceram.
Vejam bem, eu gosto dos Assírios!
Gosto até dos Hititas, mas esses não eram semitas,
mas gosto deles; vieram da Anatólia (o que não era longe)
e conquistaram o Egipto, conquistaram Kem.
Gosto dos Hebreus; os da Babilónia tinham
um nome pare eles: Habiru.
Freud, que de Viena antevia Moisés, o egípcio,
Não esqueceu o nome – Habiru.
Ah pensaram que me esqueci dos da Galileia?
Esses não eram Hebreus; eram Galileus
e a Galileia teve que ser conquistada;
tinha uma divindade rival da de Jerusalém.
Tu não sabias nada disto, sempre ignoraste
os ardis subtis da História e das estórias,
eras médico e eras styliste.

Finale

Louis-Ferdinand, (où Celine), écoutes moi bien !
Ainda procuram, ou vasculham,
talvez sejam apenas como os voyeurs,
apenas querem ver. Talvez pensem em Haia...
(projectivamente, bem entendido).
Écoutes! Eles procuram,
procuram as tuas últimas cartas,
não te querem publicar a ti,
querem interpretar as tuas últimas cartas;
parecem condenados à guilhotina,
esperando com angústia de condenados
o seu último e longo minuto,
esse antes do frio da lâmina.
Ahhhh, quiseram-te apenas médico,
e com absoluta assepsia
asseguraram-se disso mesmo!
Presumo que sorriste,
tu est un styliste.

António Eduardo Lico
Uma poesia da poetisa nicaraguense Claribel Alegría:

Son altas

Son altas las columnas de mi sueño,
Van hacia el canto con los pies descalzos,
Del fondo de mí misma se levantan
Y suben por el viento en espirales.

A veces las sorprendo entre las nubes,
En la tarde dorada, en las estrellas;
En todo lo que es bello se detienen
Y siguen en su viaje iluminadas.

¡Qué finas las columnas de mi sueño!
Casi se me confunden con la niebla,
No las puedo ver más, angustia, sombra…
¡Qué miedo de que caigan y se quiebren!

¡No, no pueden caer, van hacia el canto,
hacia el canto que es suyo y las espera!
¡Del fondo de mí misma se levantan
y suben por el viento en espirales!

sábado, 5 de abril de 2014

Reponho uma poesia do poemário Amanhecer obscuro:

De noite os gatos...

De noite os gatos, sim os gatos,
não lêem autores franceses
nem uivam para a lua.
Se o fizessem, eram literatos
e haveria sempre alguém
disposto a dizer que eram lobos,
por certo esquecendo
que os lobos não lêem autores franceses.
Dou por certo que um fleumático politólogo,
disfarçado de crítico literário
vai afirmar, e demonstrar (e depois ficar famoso)
que gatos e lobos não são afrancesados,
nem escrevem ensaios inquietos
acerca do gaullisme de Malraux
e da sua entrada tardia na Resistence.
ah, o crítico, ah o crítico literário,
heterónimo mundano dos politólogos,
não vai compreender porque Malraux entrou cedo
na Guerra Civil de Espanha,
e nem sequer vai dar um sentido estético
às fotos de Malraux de cigarro na boca.
Por certo vai fingir que não sabe que Malraux
gostava de bavarder  sobre erotismo.
Vai ficar intimidado e com vergonha,
pois não pode citar Braudillard, e outros,
para explicar porque, para alguns Malraux era trotskista
e para Natalie Trotski era stalinista.
Como vais explicar que alguém como Malraux,
tão elegante e cosmopolita, e que viajou ao Oriente
não fosse um ícone de 68?
Voyons e a Condição Humana?
Vais também dizer que é uma Fleur du Mal?
Que era política disfarçada de literatura?
Ou talvez queiras demonstrar, bem à francesa
que ele era um nihlista; sim, assim ficas descansado!
Eram filosofias! Nada mais que filosofias.
E nem sequer vais dizer como eu: niilista;
vais dizer nihilista, era o que Malraux era,
os politólogos sabem latim, e já leram
Marco Aurélio, e Cícero; alguns sabem,
Oh volúpia de sabedoria, o genitivo de Cícero,
e naturalmente escrevem: Cicero.
Até sabem que Séneca foi estóico,
 E esquecem-se de dizer,  por conveniência, é certo,
que Malraux não foi estóico, e poucas coisas
fez por conveniência., a não ser que,
fingia que fazia uma filosofia
entre uma fatia de camembert, e uma taça de champanhe,
para não ser tomado como um autor profundo.
Sabes, um austríaco, depois deixou de ser austríaco,
promoveu-se a filósofo, sim, falo de Popper.
E dizem-me ser um autor profundo.
Um dia foi a uma manifestação, ele era comunista;
a polícia carregou  e assassinou manifestantes.
E esse austríaco, Popper, Karl Popper
decidiu que já não era comunista.
Vendo a polícia a matar comunistas
decidiu que não era comunista;
depois fizeram dele famoso, até filósofo.
Disseram até que derreteu Gnoseologias!
Mesmo um poeta distraído, ou um europeísta convicto (e pago)
sabe fazer o diagnóstico certo: cortou-se, borrou-se de medo;
e voltou-se para a filosofia.
Errada vocação a desse austríaco,
deveria ir para polícia, assim podia matar comunistas,
ele próprio, já que ele tinha decidido que o não era;
e escusava de ter entrado na galeria dos intelectuais
muito considerados,  mas vendidos.
O que tu não dirias dele, André!
Acabaste como ministro de De Gaulle,
muitos, sobretudo de entre os politólogos
devem achar que tu gostavas do inestético
nariz de De Gaulle, e da forma
como ele dizia . Vive la Frrrrrance.
muita gente te insultou, e disse mal de ti.
Acredito, que intimamente devias sorrir, divertido;
ainda hoje os politólogos não sabem, no seu saber definitivo,
que só querias mostrar como se devia ser bom comunista.

António Eduardo Lico
Uma poesia do poeta chileno Óscar Saavedra Villarroelª

[La lectura visual/ visceral de mi valle] : 

Llegué a los veintitrés años.
Me hice hombre a la misma edad.
Idee el cómo y el cuándo de mis conquistas.
Luego como Wittgenstein, construí otro libro
Que echara abajo mis anteriores palabras
                                                             /en esta ciudad sin nombre
Les dije a sus habitantes: “he aquí lo que les puedo ofrecer”
Me tiraron piedras. Me gritaron Neoliberal.
Me encasillaron en un demente anárquico.
(Según los contextos en donde anduve)
A los veintitrés años, supe lo que era parir
Sin útero, dejar sin semen mis testículos.
Supe que no quería descendencia
Que solamente la fama me haría símil
A una estrella hollywoodense
De la historia de vuestras histerias.

sexta-feira, 4 de abril de 2014

Reponho uma poesia do poemário Amanhecer obscuro:

Rimbaud e Baudelaire eram franceses...

 Rimbaud e Baudelaire eram franceses,
poetas franceses, concluo.
Não estudo Lógica, mas deveria fazê-lo.
se o fizesse,  saberia, ver  para além
do que se pode ver numa manhã obscura,
saberia até da estética usada
pelos poetas franceses. Sem dúvida,
saberia muito de estética, e das estéticas.
Saberia que Baudelaire não foi poeta maldito;
todos os poetas são benditos.

António Eduardo Lico
Uma poesia do poeta guatemalteco Carlos López:


Ser absoluto,
ombligo de la noche,
nostalgia ardiente.

Estrella roja
tiñe árboles de fuego,
se prende el día.

Canto de lluvia
atraviesa la noche:
luna en el pozo.

Perla de mar
se posa sobre el cielo:
canto del agua.

Baja la nube,
eco de caracoles,
flor de luz danza.

Culebra de agua
rumora bajo el puente,
grita la tierra.

Sangra la luna:
abre el pubis del cosmos
trueno de fuego.

Acantilado,
glaciares de nostalgia,
crujen los huesos.

Rojo de sol
tiñe el mar, pinta el mundo,
incendia llanos.

Noche en tus ojos,
estrellas solitarias,
luna en tu pelo.

Noche profunda:
gira el sol en tu pelo,
ángeles vuelan.

Luz azul baña
la cresta de la acacia:
Semana Santa.

quinta-feira, 3 de abril de 2014

Reponho uma poesia do poemário Amanhecer obscuro:

Era tudo metafísica

Era tudo metafísica. Diziam.
Diziam que Hölderlin era vagamente louco,
e esqueciam que eram loucamente vagos.
Era tudo metafísica. Diziam.
Diziam, vê lá tu, que nem ligavas à metafísica,
diziam, caro Goethe, que não entendiam
o teu atrevimento; sim, o teu atrevimento
de fazeres uma teoria em que gentilmente
rebatias e negavas Newton; bem sei, Newton era inglês
e nem percebia nada de metafísica, embora
fizesse por aparentar ser um verdadeiro conhecedor.
Ficavam, e ainda ficam, zangados com a tua Erotica Romana
e esse teu secreto jeito de Mefistófeles.
Tu dizias que não eras Mefistófeles, mas
ensinavas assim: tudo o que existe merece desaparecer.
Era o teu jeito íntimo de seres o que dizias não ser.
Era tudo metafísica. Diziam.
Chamavas-te Vladimir, Vladimir Maiakowski
diziam que eras gentil, terno e frágil.
Eras gentil, terno e frágil e forte.
Eles não queriam que fosses forte.
Uma mulher bonita, de odor suave
tornou-te frágil e resolveste partir.
Nem te despediste, de súbito deixaram de te ver.
Era tudo metafísica. Diziam.
Era mais conveniente atribuir a tua partida
a um homem vagamente chamado Estaline.
Era bem melhor assim: mais um morto
na contabilidade de Estaline. Ainda que vagamente.
Olha, meu caro Maiakowski, se calhar
ainda estão a pensar que devem atribuir a Estaline
a extinção dos dinossáurios.
E vão dizer: que crueldade! Estaline
nem quis saber que eram répteis
e animais de sangue frio.
Talvez até queiram acusá-lo da queda do Império.
É isso, Estaline estabeleceu-se nas fronteiras do Império,
estão enganados, não era Átila, o Huno, nem Alarico,
O Visigodo, e todos os outros Godos:era ele,
vagamente chamado Estaline,
era ele que acossava as doces Vestais.
Vão também dizer que não sabia de Babilónia
isso, não sabia de Babilónia a grande prostituta.
Era tudo metafísica. Diziam.
Era afinal um ignorante. Quem não sabia
De Babilónia, a grande prostituta?
Agora nas portas de Ur há um homem
pendurado pelo pescoço. Sim, nas portas de Ur.
Indica que Babilónia era a grande prostituta
Já não tem jardins suspensos, tem um homem,
tem homens suspensos pelo pescoço nas portas de Ur.
Era tudo metafísica. Diziam.
E sabes, um banqueiro, disfarçado de académico.
Um homem, um homem de nome Montefiore.
Não, não é florentino, nem sequer siciliano.
É inglês, vulgarmente inglês, vulgarmente
banqueiro disfarçado de académico.
Escreveu um livro sobre ti, quando eras homem crescido;
depois escreveu um livro sobre ti, quando jovem..
Isso é mau presságio, sabias? Negro augúrio, eu digo!
Não demora, ele vai dizer, esse homem de nome Montefiore,
que é banqueiro disfarçado de académico,
que nunca estiveste em Ítaca, nunca estiveste
a bordo do Argos; nunca foste Argonauta!
Vai dizer que não sabias que Pitágoras
foi educado no Egipto, e depois enviado
para a Grécia. Na Grécia ele abria templos
e colocava na entrada: Quem não é geómetra, Não entre!
Ele, esse homem de nome Montefiore
que é banqueiro disfarçado de académico
vai dizer que tu não sabias que Pitágoras
sabia fazer a quadratura do círculo.
Não, eu não estou a dizer que ele afirma
que não conheces o teorema! Não me entendas mal!
Vão dizer que assim não vale, assim não conta.
vão dizer que eras inoxidável.
Sabes? Muitos poetas gostam de usar a palavra
óxido nas suas poesias; dizem que assim
podem pertencer a não sei que escola, ou movimento.
Era tudo metafísica. Diziam.
Lembrei-me agora de ti. Sabes, Mao Tse Tung?
Agora escondes-te, ou escondem-te
sob uma espécie de acordo ortográfico,
assim um acordo ortográfico interno, só com validade na China.
Agora os chineses são exportadores e exportaram um nome: Mao Zedong
Era tudo metafísica. Diziam.
Já não sabiam que mais crimes e mortes te atribuir.
Então disseram que gostavas de te rodear de mulheres jovens.
Disseram que tinhas mulheres demais.
Sabes, ainda te vão acusar do rapto das Sabinas.
És outro candidato a responsável pela queda do Império,
talvez te convertam no candidato ideal
para explicarem a queda do Império do Oriente.
Foste tu que chamaste os turcos, meu velho?
Vão dizer que num delírio de crueldade
chamaste vários turcos: os Seldjúcidas
que prepararam o terreno, e depois os Otomanos.
Era tudo metafísica. Diziam.
Matisse e Picasso estavam em Paris.
Havia muita gente que estava em New York.
em Chicago, em Los Angeles: eram americanos.
Havia um americano, dizem-me que era escritor:
O nome: Dwight Macdonald. Escrevia, por consequência,
Pois dizem-me que era escritor. Escrevia que a bomba atómica
era natural; era uma consequência natural, uma banalidade
do estilo de vida americano, como os automóveis, ou a fast food.
Depois havia também um outro americano,
Este chamava-se Jackson Pollock, dizem-me que era pintor.
assumi que sendo pintor, pintava., pois é isso que fazem os pintores.
Era tudo metafísica. Diziam.
Diziam que esse Pollock iniciou uma revolução na pintura:
Era cheia de automatismos, melhor era baseada em processos
automáticos, era arte moderna, aquilo é que era arte moderna.
Diziam que era expressionismo abstracto; eram alguns, esses
expressionistas, esses abstractos, tinham que ser alguns;
se fossem nenhuns, parecia mal; o que diriam as pessoas?
Eram Pollock, Motherwell, De Kooning, Hofmann, Kline, havia outros.
A América estava cheia de expressionistas, e de abstractos,
que não eram expressionistas, nem eram abstractos.
Eram pagos pelos guerreiros da Guerra Fria, dava-lhes
(t)alento o dinheiro sujo e secreto para conter
o grave perigo vermelho que ameaçava a Velha Europa.
Jacques Duclos um dia transportava pombas no seu automóvel.
Era um dia em que um general americano chegava a Paris.
Não, esse general americano não era expressionista,
nem sequer abstracto, não gostava de pombas, era isso!
Prenderam Duclos, ignora-se se prenderam as pombas.
Pablo Picasso, tu não sabias, mas o Departamento de Estado
Até fez um informe secreto sobre ti: eras vermelho.
Tinhas as huertas de Valência na alma e a claridade
do sol valenciano no pincel, e pintavas, e pintavas.
E seguias rojo como era o Poente nas bandas de Valência
e denunciavas, com luz e sombra, na tua pintura,
a matança na Coreia, esse quadro expressionsita
e abstracto pintado pelos american boys nas
longínquas paisagens de arroz do Extremo Oriente.
Era tudo metafísica. Diziam.
Tu e Matisse estavam em França, em Paris
eles eram expressionistas e abstractos
vinham do outro lado do Atlântico,
vinham das Montanhas Rochosas e dos Apalaches,
vinham travestidos de abstracção,
Edgar Hoover tinha travestido toda a América
e ditava a última moda em lingerie.
Eram meros instrumentos de propaganda,
alguns deles bem medíocres, agora génios promovidos.
Hoje, resta apenas a cinza do mercado da arte
e a luz e as sombras que traçaste na tela
Era tudo metafísica. Diziam.
Pusemos Torquemada como bispo de Roma
tantos bispos italianos e por último um polaco – era demais!
Era tudo metafísica. Diziam.
Valia mais Torquemada, um espanhol que é alemão.
Os espanhóis sempre tiveram uma política alemã
dizem muitos manuais de História.
É sempre melhor ter Torquemada em Roma
que ter uma sucursal em Avignon
com um francês que só gosta de Camembert
e pensa que o Champagne é néctar dos deuses.
Era tudo metafísica. Diziam.
Não quero que me acusem de ser metafísico,
calo-me com Torquemada.
Era tudo metafísica. Diziam.
Torquemada nunca foi a Granada
nem conhece o Cante Jondo.
Federico, a quem chamavam Garcia Lorca
foi a Granada sem ir a Granada.
E Granada chora a ausência daquele
que nunca foi a Granada.
Era tudo metafísica. Diziam.
Granada llora y su cante
pinta de rojo las naranjas
La guitarra, como luna,
testigo que los gitanos
velan tu morada
en las puertas de Granada.
Era tudo metafísica. Diziam.
Nem eu vou falar de petróleo,
ainda vão dizer que sou bolchevista
e que não gosto das sete irmãs,
talvez seja um conspiracy theorist
ou um desses metafísicos
que nem sequer é afrancesado
e hesita se tem que classificar Baudelaire,
modernista, antes dos modernos,
simbolista sem simbólica, ou apenas um poeta.
Era tudo metafísica. Diziam.

António Eduardo Lico
Uma poesia do grande poeta cubano Nicolás Gullén:

Una Canción a Stalin

Stalin, Capitán,
a quien Changó proteja y a quien resguarde Ochún.
A tu lado, cantando, los hombres libres van:
el chino, que respira con pulmón de volcán,
el negro, de ojos blancos y barbas de betún,
el blanco, de ojos verdes y barbas de azafrán.
Stalin, Capitán.

Tiembla Europa en su mapa de piedra y de cartón.
Mil siglos se desploman rodando sin contén.
Cañón
del Austro al Septentrión.
Cabezas y cabezas cortadas a cercén.
El mar arde lo mismo que un charco de alquitrán.
Bocas que ayer cantaban a la Verdad y el Bien
Hoy bajo cuatro metros de amargo sueño están...
Stalin, Capitán.

Pero el futuro afinca, levanta su ilusión
allá en tu roja tierra donde es feliz el pan,
y altos pechos armados de una misma canción
las plumas de los buitres detienen, detendrán,
allá en tu helado cielo de llama y explosión,
Stalin, Capitán.

El jarro de magnolias, el floreal corazón
de Buda, despereza su extático ademán;
gravita un continente sobre el Mar del Japón:
rudo bloque de sangre de Siberia a Ceylán
y de Esmirna a Cantón...
Stalin, Capitán.

Tambores africanos con resonante son
sobre selva y desierto su vivo alerta dan,
más fiero que el metal con que ruge el león;
y alzando hasta el Pichincha la tormentosa sien
América convoca su puma y su caimán,
pero además engrasa su motor y su tren.
Odio por dondequiera verá el ciego alemán
la paloma, el avión,
el pico del tucán,
el zoológico río de vasta indignación,
las flechas venenosas que en pleno blanco dan,
y aun el viento, impulsando sus ruedas de ciclón...

Stalin, Capitán, a quien Changó proteja y a quien resguarde Ochún...
A tu lado, cantando, los hombres libres van:
el chino, que respira con pulmón de volcán,
el negro, de ojos blancos y barbas de betún,
el blanco, de ojos verdes y barbas de azafrán...
¡Stalin, Capitán,
los pueblos que despierten junto a ti marcharán!

quarta-feira, 2 de abril de 2014

Reponho uma poesia do poemário Amanhecer obscuro:

De que me serve fugir
de morte, dor e perigo,
se me eu levo comigo?

(mote de Luís Vaz de Camões)

De que me serve fugir?
Eu não quero fugir;
quando se foge, leva-se tudo,
leva-se o corpo, leva-se a alma
vai-se só, permaneces-se só.
Eu quero ficar,
ficar, mas fugindo,
sem permanecer em mim.

António Eduardo Lico
Uma poesia do poeta chileno Óscar Hahn:

Bárbara azul

Aquella dulce muerte tu hermosísimo amor
Me ha traído a la orilla de este río nevado
De pronto en pleno invierno la descongelación
Descubre rosas rojas y bárbaras azules

Los pájaros helados se entibian sorprendidos
Un trino de color rosado pinta el cielo
A las diez de la noche: y un alba deslumbrante
Se levanta a deshora limpiándose las plumas

Aquella dulce muerte tu hermosísimo amor
Me ha rozado los ojos con su estela celeste
Y ahora en vez de lágrimas una constelación
De hipocampos dorados rueda por tus mejillas.

terça-feira, 1 de abril de 2014

Reponho uma poesia do poemário Amanhecer obscuro:

Amanhecer obscuro

Oh noite, companheira indecisa
da clara lua e anónimos rouxinóis;
cobre-me com os teus cabelos longos,
deixa-me vogar na tua penumbra
e atravessar a anunciada madrugada
rumo à desconhecida manhã

António Eduardo Lico
Uma poesia da poetisa salvadorenha Lilian Serpas:

Vivo en lo abierto

Si el amor terrenal es desconcierto;
Si en un perenne afán nunca colmado,
Viviera el corazón deshabitado:
Mi voluntad renuncia a su desierto…;

Diré que duerme en el arrullo cierto,
Donde el pensar más frío, es alumbrado;
Libre en esencia, al mundo contemplado,
Ciego de luz en el espacio abierto…

Y en soledad ardiente que fulgura
―ese Alguien que a mi ser cautiva,
deslíe con sus ojos la hermosura,

de cuanto amó de amor su llama viva…
¡Y en supresión, al fin, de la criatura,
de lo total, es flor definitiva!