Em virtude de uma pequena viagem para o Norte de Portugal para o casamento de um sobrinho, vou estar ausente do blog por uns dias.
Boa semana para todas e todos.
segunda-feira, 9 de junho de 2014
sábado, 7 de junho de 2014
Uma poesia do poeta equatoriano Edgar Allan García:
COSMOGONÍA ELEMENTAL
en el principio era el caos
entonces apareció ella y puso la ropa
en su lugar los zapatos en su lugar
la hermosura en su lugar y el corazón
del hombre en el lugar preciso
durante los restantes nueve períodos
construyó universos semejantes
a un cuarto de juegos para que en él
retozaran gritos balbuceos y risas infantiles
(vibraciones desconocidas hasta entonces
en aquel espacio desolado)
al amanecer del tiempo noveno
emergió él (primogénito conforme
a sus semejanzas) de las entrañas de ella
y en un principio fue el niño más dulce
la alegría más profunda el más educado
y sumiso y ordenado (o casi) pero pronto
anheló conocer mejor
palpar otros mundos
desafiar la gravedad y el poder
besar la redondez primigenia
de otros cuerpos
desde entonces vive de su sudor
en un barrio de seres extraviados
luminosos absurdos como el caos.
COSMOGONÍA ELEMENTAL
en el principio era el caos
entonces apareció ella y puso la ropa
en su lugar los zapatos en su lugar
la hermosura en su lugar y el corazón
del hombre en el lugar preciso
durante los restantes nueve períodos
construyó universos semejantes
a un cuarto de juegos para que en él
retozaran gritos balbuceos y risas infantiles
(vibraciones desconocidas hasta entonces
en aquel espacio desolado)
al amanecer del tiempo noveno
emergió él (primogénito conforme
a sus semejanzas) de las entrañas de ella
y en un principio fue el niño más dulce
la alegría más profunda el más educado
y sumiso y ordenado (o casi) pero pronto
anheló conocer mejor
palpar otros mundos
desafiar la gravedad y el poder
besar la redondez primigenia
de otros cuerpos
desde entonces vive de su sudor
en un barrio de seres extraviados
luminosos absurdos como el caos.
sexta-feira, 6 de junho de 2014
Uma poesia de Almeida Garrett:
Perfume da Rosa
Perfume da Rosa
Quem bebe, rosa, o perfume
Que de teu seio respira?
Um anjo, um silfo? ou que nume
Com esse aroma delira?
Qual é o deus que, namorado,
De seu trono te ajoelha,
E esse néctar encantado
Bebe oculto, humilde abelha?
- Ninguém? - Mentiste: essa frente
Em languidez inclinada,
Quem ta pôs assim pendente?
Dize, rosa namorada.
E a cor de púrpura viva
Como assim te desmaiou?
e essa palidez lasciva
Nas folhas quem ta pintou?
Os espinhos que tão duros
Tinhas na rama lustrosa,
Com que magos esconjuros
Tos desarmam, ó rosa?
E porquê, na hástea sentida
Tremes tanto ao pôr do sol?
Porque escutas tão rendida
O canto do rouxinol?
Que eu não ouvi um suspiro
Sussurrar-te na folhagem?
Nas águas desse retiro
Não espreitei a tua imagem?
Não a vi aflita, ansiada...
- Era de prazer ou dor? -
Mentiste, rosa, és amada,
E também tu amas, flor.
Mas ai! se não for um nume
O que em teu seio delira,
Há-de matá-lo o perfume
Que nesse aroma respira.
Que de teu seio respira?
Um anjo, um silfo? ou que nume
Com esse aroma delira?
Qual é o deus que, namorado,
De seu trono te ajoelha,
E esse néctar encantado
Bebe oculto, humilde abelha?
- Ninguém? - Mentiste: essa frente
Em languidez inclinada,
Quem ta pôs assim pendente?
Dize, rosa namorada.
E a cor de púrpura viva
Como assim te desmaiou?
e essa palidez lasciva
Nas folhas quem ta pintou?
Os espinhos que tão duros
Tinhas na rama lustrosa,
Com que magos esconjuros
Tos desarmam, ó rosa?
E porquê, na hástea sentida
Tremes tanto ao pôr do sol?
Porque escutas tão rendida
O canto do rouxinol?
Que eu não ouvi um suspiro
Sussurrar-te na folhagem?
Nas águas desse retiro
Não espreitei a tua imagem?
Não a vi aflita, ansiada...
- Era de prazer ou dor? -
Mentiste, rosa, és amada,
E também tu amas, flor.
Mas ai! se não for um nume
O que em teu seio delira,
Há-de matá-lo o perfume
Que nesse aroma respira.
quinta-feira, 5 de junho de 2014
Reponho uma poesia do poemário Sombras luminosas:
Trece rosas
António Eduardo Lico
Trece rosas
Solo en
el Verano las rosas son rosas
y en
Agosto todas la rosas se vuelven rojas
Dime lo
que contemplas
lunita
del cementerio del Este?
Ay, yo
solo puedo ver las rosas
las
rosas que se van a morir
Ya se
tocan seguidillas
ya
lloran los pañuelos
En el
cementerio del Este
hay trece rosas rojasAntónio Eduardo Lico
Uma poesia de Alexandre Herculano:
A Voz
A Voz
É tão suave ess'hora,
Em que nos foge o dia,
E em que suscita a Lua
Das ondas a ardentia,
Se em alcantis marinhos,
Nas rochas assentado,
O trovador medita
Em sonhos enleado!
O mar azul se encrespa
Coa vespertina brisa,
E no casal da serra
A luz já se divisa.
E tudo em roda cala
Na praia sinuosa,
Salvo o som do remanso
Quebrando em furna algosa.
Ali folga o poeta
Nos desvarios seus,
E nessa paz que o cerca
Bendiz a mão de Deus.
Mas despregou seu grito
A alcíone gemente,
E nuvem pequenina
Ergueu-se no ocidente:
E sobe, e cresce, e imensa
Nos céus negra flutua,
E o vento das procelas
Já varre a fraga nua.
Turba-se o vasto oceano,
Com hórrido clamor;
Dos vagalhões nas ribas
Expira o vão furor,
E do poeta a fronte
Cobriu véu de tristeza;
Calou, à luz do raio,
Seu hino à natureza.
Pela alma lhe vagava
Um negro pensamento,
Da alcíone ao gemido,
Ao sibilar do vento.
Era blasfema ideia,
Que triunfava enfim;
Mas voz soou ignota,
Que lhe dizia assim:
«Cantor, esse queixume
Da núncia das procelas,
E as nuvens, que te roubam
Miríades de estrelas,
E o frémito dos euros,
E o estourar da vaga,
Na praia, que revolve,
Na rocha, onde se esmaga,
Onde espalhava a brisa
Sussurro harmonioso,
Enquanto do éter puro
Descia o Sol radioso,
Tipo da vida do homêm,
É do universo a vida:
Depois do afã repouso,
Depois da paz a lida.
Se ergueste a Deus um hino
Em dias de amargura;
Se te amostraste grato
Nos dias de ventura,
Seu nome não maldigas
Quando se turba o mar:
No Deus, que é pai, confia,
Do raio ao cintilar.
Ele o mandou: a causa
Disso o universo ignora,
E mudo está. O nume,
Como o universo, adora!»
Oh, sim, torva blasfémia
Não manchará seu canto!
Brama a procela embora;
Pese sobre ele o espanto;
Que de sua harpa os hinos
Derramará contente
Aos pés de Deus, qual óleo
Do nardo recendente.
Em que nos foge o dia,
E em que suscita a Lua
Das ondas a ardentia,
Se em alcantis marinhos,
Nas rochas assentado,
O trovador medita
Em sonhos enleado!
O mar azul se encrespa
Coa vespertina brisa,
E no casal da serra
A luz já se divisa.
E tudo em roda cala
Na praia sinuosa,
Salvo o som do remanso
Quebrando em furna algosa.
Ali folga o poeta
Nos desvarios seus,
E nessa paz que o cerca
Bendiz a mão de Deus.
Mas despregou seu grito
A alcíone gemente,
E nuvem pequenina
Ergueu-se no ocidente:
E sobe, e cresce, e imensa
Nos céus negra flutua,
E o vento das procelas
Já varre a fraga nua.
Turba-se o vasto oceano,
Com hórrido clamor;
Dos vagalhões nas ribas
Expira o vão furor,
E do poeta a fronte
Cobriu véu de tristeza;
Calou, à luz do raio,
Seu hino à natureza.
Pela alma lhe vagava
Um negro pensamento,
Da alcíone ao gemido,
Ao sibilar do vento.
Era blasfema ideia,
Que triunfava enfim;
Mas voz soou ignota,
Que lhe dizia assim:
«Cantor, esse queixume
Da núncia das procelas,
E as nuvens, que te roubam
Miríades de estrelas,
E o frémito dos euros,
E o estourar da vaga,
Na praia, que revolve,
Na rocha, onde se esmaga,
Onde espalhava a brisa
Sussurro harmonioso,
Enquanto do éter puro
Descia o Sol radioso,
Tipo da vida do homêm,
É do universo a vida:
Depois do afã repouso,
Depois da paz a lida.
Se ergueste a Deus um hino
Em dias de amargura;
Se te amostraste grato
Nos dias de ventura,
Seu nome não maldigas
Quando se turba o mar:
No Deus, que é pai, confia,
Do raio ao cintilar.
Ele o mandou: a causa
Disso o universo ignora,
E mudo está. O nume,
Como o universo, adora!»
Oh, sim, torva blasfémia
Não manchará seu canto!
Brama a procela embora;
Pese sobre ele o espanto;
Que de sua harpa os hinos
Derramará contente
Aos pés de Deus, qual óleo
Do nardo recendente.
quarta-feira, 4 de junho de 2014
Reponho uma poesia do poemário Sombras luminosas:
Ant]onio Eduardo Lico
Soñando el duende mira la luna
Y su sueño se vuelve de plata
Una flor vuela hecha serenata
Y busca el verde de la aceituna
La
melodia es canción de cuna
Ardiendo
como se fuera sonata
Y por
los aires vuela insensata
Como
pasarillo en la laguna
La
guitarra la tiene por almohada
Y
hierbas ardientes como luceros
De una
estrellita vinda de Granada
Hacen
sus cabellos aventureros
Hermosos
ginetes en galopada,
Hasta la luna, ardientes caminerosAnt]onio Eduardo Lico
Uma poesia da poetisa salvadorenha Claudia Hérodier:
Hija de la distancia
No cambio mis sandalias
por pasión mundana.
Ni me seducen los pellejos de las voces.
Soy avaricienta de mi nostalgia,
de mi ser entero;
de la luz que vengo a dejar,
y de la fuerza que me inunda en la palabra.
Nada puede mi orgullo
más hondo, contra
mi humildad mas descalza.
Pues se ata en mí
el ser hija del universo
y de las uñas de la distancia.
¿Que estoy aquí? ¡Es cierto!
Y aparenta ser de tierra mi esperanza.
De lejos vengo, y voy corriendo,
gritando como loca entre mis faldas.
¿Ser tangible es la pregunta?
¿O es la pregunta el ir descalza?
Llena voy, entonces, de todos,
de mí, vestida apenas con una manta.
A todos dejo mi entrega,
y ser, yo misma,
no me acobarda.
Hija de la distancia
No cambio mis sandalias
por pasión mundana.
Ni me seducen los pellejos de las voces.
Soy avaricienta de mi nostalgia,
de mi ser entero;
de la luz que vengo a dejar,
y de la fuerza que me inunda en la palabra.
Nada puede mi orgullo
más hondo, contra
mi humildad mas descalza.
Pues se ata en mí
el ser hija del universo
y de las uñas de la distancia.
¿Que estoy aquí? ¡Es cierto!
Y aparenta ser de tierra mi esperanza.
De lejos vengo, y voy corriendo,
gritando como loca entre mis faldas.
¿Ser tangible es la pregunta?
¿O es la pregunta el ir descalza?
Llena voy, entonces, de todos,
de mí, vestida apenas con una manta.
A todos dejo mi entrega,
y ser, yo misma,
no me acobarda.
terça-feira, 3 de junho de 2014
Uma poesia de José Gomes Ferreira:
Entrei no café com um rio na algibeira
Entrei no café com um rio na algibeira
e pu-lo no chão,
a vê-lo correr
da imaginação...
A seguir, tirei do bolso do colete
nuvens e estrelas
e estendi um tapete
de flores
a concebê-las.
Depois, encostado à mesa,
tirei da boca um pássaro a cantar
e enfeitei com ele a Natureza
das árvores em torno
a cheirarem ao luar
que eu imagino.
E agora aqui estou a ouvir
A melodia sem contorno
Deste acaso de existir
-onde só procuro a Beleza
para me iludir
dum destino.
Entrei no café com um rio na algibeira
Entrei no café com um rio na algibeira
e pu-lo no chão,
a vê-lo correr
da imaginação...
A seguir, tirei do bolso do colete
nuvens e estrelas
e estendi um tapete
de flores
a concebê-las.
Depois, encostado à mesa,
tirei da boca um pássaro a cantar
e enfeitei com ele a Natureza
das árvores em torno
a cheirarem ao luar
que eu imagino.
E agora aqui estou a ouvir
A melodia sem contorno
Deste acaso de existir
-onde só procuro a Beleza
para me iludir
dum destino.
segunda-feira, 2 de junho de 2014
Uma poesia de Francisco Manuel de Mello:
Saudades
Serei eu alguma hora tão ditoso,
Que os cabelos, que amor laços fazia,
Por prémio de o esperar, veja algum dia
Soltos ao brando vento buliçoso?
Verei os olhos, donde o sol formoso
As portas da manhã mais cedo abria,
Mas, em chegando a vê-los, se partia
Ou cego, ou lisonjeiro, ou temeroso?
Verei a limpa testa, a quem a Aurora
Graça sempre pediu? E os brancos dentes,
por quem trocara as pérolas que chora?
Mas que espero de ver dias contentes,
Se para se pagar de gosto uma hora,
Não bastam mil idades diferentes?
Saudades
Serei eu alguma hora tão ditoso,
Que os cabelos, que amor laços fazia,
Por prémio de o esperar, veja algum dia
Soltos ao brando vento buliçoso?
Verei os olhos, donde o sol formoso
As portas da manhã mais cedo abria,
Mas, em chegando a vê-los, se partia
Ou cego, ou lisonjeiro, ou temeroso?
Verei a limpa testa, a quem a Aurora
Graça sempre pediu? E os brancos dentes,
por quem trocara as pérolas que chora?
Mas que espero de ver dias contentes,
Se para se pagar de gosto uma hora,
Não bastam mil idades diferentes?
domingo, 1 de junho de 2014
Uma poesia de Camões:
Perdigão perdeu a pena
Perdigão perdeu a pena
Não há mal que lhe não venha.
Perdigão que o pensamento
Subiu a um alto lugar,
Perde a pena do voar,
Ganha a pena do tormento.
Não tem no ar nem no vento
Asas com que se sustenha:
Não há mal que lhe não venha.
Subiu a um alto lugar,
Perde a pena do voar,
Ganha a pena do tormento.
Não tem no ar nem no vento
Asas com que se sustenha:
Não há mal que lhe não venha.
Quis voar a u~a alta torre,
Mas achou-se desasado;
E, vendo-se depenado,
De puro penado morre.
Se a queixumes se socorre,
Lança no fogo mais lenha:
Não há mal que lhe não venha.
Mas achou-se desasado;
E, vendo-se depenado,
De puro penado morre.
Se a queixumes se socorre,
Lança no fogo mais lenha:
Não há mal que lhe não venha.
sábado, 31 de maio de 2014
Uma poesia da poetisa argentina Iris Cadelago:
Quiero Ser
Quiero ser como aquel rayo
Que rasgó la noche en un instante
sin vacilar, siquiera.
Quiero ser el fuego, no la brasa.
quiero ser energía, no materia.
quiero ser la llama que consume,
el agua que penetra,
el aliento que respiras
y asimilar tu esencia...
Quiero ser la imagen en tus ojos,
y en tu mente cuando no me miras,
quiero ser un nombre entre tus labios
y un eco rebotando en las cornisas
de tu grito ancestral y dolorido
por beber el vino de este olvido,
antes de correr tras una estrella.
Quiero Ser
Quiero ser como aquel rayo
Que rasgó la noche en un instante
sin vacilar, siquiera.
Quiero ser el fuego, no la brasa.
quiero ser energía, no materia.
quiero ser la llama que consume,
el agua que penetra,
el aliento que respiras
y asimilar tu esencia...
Quiero ser la imagen en tus ojos,
y en tu mente cuando no me miras,
quiero ser un nombre entre tus labios
y un eco rebotando en las cornisas
de tu grito ancestral y dolorido
por beber el vino de este olvido,
antes de correr tras una estrella.
sexta-feira, 30 de maio de 2014
Uma poesia de António Franco Alexandre:
Nesta última tarde em que respiro
Nesta última tarde em que respiro
A justa luz que nasce das palavras
E no largo horizonte se dissipa
Quantos segredos únicos, precisos,
E que altiva promessa fica ardendo
Na ausência interminável do teu rosto.
Pois não posso dizer sequer que te amei nunca
Senão em cada gesto e pensamento
E dentro destes vagos vãos poemas;
E já todos me ensinam em linguagem simples
Que somos mera fábula, obscuramente
Inventada na rima de um qualquer
Cantor sem voz batendo no teclado;
Desta falta de tempo, sorte, e jeito,
Se faz noutro futuro o nosso encontro.
Nesta última tarde em que respiro
Nesta última tarde em que respiro
A justa luz que nasce das palavras
E no largo horizonte se dissipa
Quantos segredos únicos, precisos,
E que altiva promessa fica ardendo
Na ausência interminável do teu rosto.
Pois não posso dizer sequer que te amei nunca
Senão em cada gesto e pensamento
E dentro destes vagos vãos poemas;
E já todos me ensinam em linguagem simples
Que somos mera fábula, obscuramente
Inventada na rima de um qualquer
Cantor sem voz batendo no teclado;
Desta falta de tempo, sorte, e jeito,
Se faz noutro futuro o nosso encontro.
quinta-feira, 29 de maio de 2014
Reponho uma poesia do poemário Sombras luminosas:
António Eduardo Lico
Oráculo
Precisava de ser o oráculo de mim mesmo
Assim como se tivesse um oráculo dentro de mim
não o de Delfos, hoje não me sinto classicista,
nem me apetece fazer alpinismo no Parnaso;
um oráculo ante-moderno, pelo menos
assim não tenho que dar explicações
pelo menos muitas; algumas terei que dar.
Posso sempre desculpar-me com os labirintos,
os oráculos têm labirintos a que só
os purificados podem aceder.
Se ao menos Pitia vivesse em mim!
Creio que vou acabar o dia a meditar
sobre o Bezerro de Ouro e vou
desistir de traçar o meu destino…oracular.António Eduardo Lico
Uma poesia de Afonso Lopes Vieira:
Leve, Leve, o LuarLeve, leve, o luar de neve
goteja em perlas leitosas,
o luar de neve e tão leve
que ameiga o seio das rosas.
E as gotas finas da etérea
chuva, caindo do ar,
matam a sede sidéria
das coisas que embebe o luar.
A luz, oh sol, com que alagas,
abre feridas, e a lua
vem pôr no lume das chagas
o beijo da pele nua.
Leve, Leve, o LuarLeve, leve, o luar de neve
goteja em perlas leitosas,
o luar de neve e tão leve
que ameiga o seio das rosas.
E as gotas finas da etérea
chuva, caindo do ar,
matam a sede sidéria
das coisas que embebe o luar.
A luz, oh sol, com que alagas,
abre feridas, e a lua
vem pôr no lume das chagas
o beijo da pele nua.
quarta-feira, 28 de maio de 2014
Uma poesia de Rainer Maria Rilke (tradução de Maria João Costa Pereira):
O Solitário
Como alguém que por mares desconhecidos viajou,
assim sou eu entre os que nunca deixaram a sua pátria;
os dias cheios estão sobre as suas mesas
mas para mim a distância é puro sonho.
Penetra profundamente no meu rosto um mundo,
tão desabitado talvez como uma lua;
mas eles não deixam um único pensamento só,
e todas as suas palavras são habitadas.
As coisas que de longe trouxe comigo
parecem muito raras, comparadas com as suas —:
na sua vasta pátria são feras,
aqui sustém a respiração, por vergonha.
O Solitário
Como alguém que por mares desconhecidos viajou,
assim sou eu entre os que nunca deixaram a sua pátria;
os dias cheios estão sobre as suas mesas
mas para mim a distância é puro sonho.
Penetra profundamente no meu rosto um mundo,
tão desabitado talvez como uma lua;
mas eles não deixam um único pensamento só,
e todas as suas palavras são habitadas.
As coisas que de longe trouxe comigo
parecem muito raras, comparadas com as suas —:
na sua vasta pátria são feras,
aqui sustém a respiração, por vergonha.
terça-feira, 27 de maio de 2014
Uma poesia de Jorge de Sena:
Deixai que a vida sobre vós repouse
Deixai que a vida sobre vós repouse
qual como só de vós é consentida
enquanto em vós o que não sois não ouse
erguê-la ao nada a que regressa a vida.
Que única seja, e uma vez mais aquela
que nunca veio e nunca foi perdida.
Deixai-a ser a que se não revela
senão no ardor de não supor iguais
seus olhos de pensá-la outra mais bela.
Deixai-a ser a que não volta mais,
a ansiosa, inadiável, insegura,
a que se esquece dos sinais fatais,
a que é do tempo a ideada formosura,
a que se encontra se se não procura.
Deixai que a vida sobre vós repouse
Deixai que a vida sobre vós repouse
qual como só de vós é consentida
enquanto em vós o que não sois não ouse
erguê-la ao nada a que regressa a vida.
Que única seja, e uma vez mais aquela
que nunca veio e nunca foi perdida.
Deixai-a ser a que se não revela
senão no ardor de não supor iguais
seus olhos de pensá-la outra mais bela.
Deixai-a ser a que não volta mais,
a ansiosa, inadiável, insegura,
a que se esquece dos sinais fatais,
a que é do tempo a ideada formosura,
a que se encontra se se não procura.
segunda-feira, 26 de maio de 2014
Reponho uma poesia do poemário Sombras luminosas:
António Eduardo Lico
Memórias no vento
Do vento há memórias
que sibilam nas relvas
e ondulam a espuma das ondas
como se fizessem flores líquidas.
Do vento há memórias
que se esquecem, ruídos de verde
músicas nunca tocadas
e essa melancolia que se vai com a tarde.António Eduardo Lico
domingo, 25 de maio de 2014
Uma poesia da poetisa cubana Odette Alonso Yodú:
Carnaval de invierno
La tumba se coló por la puerta trasera
por la hendija bien tapiada
por el postigo azul
y tú que por siglos odiaste el carnaval
tú que gritaste solavaya fuera fuera
estás marcando el paso en la comparsa
tu orgullo diluido en la carne del tambor
en el fragor de la corneta china.
Arrollando van los negros
y los blancos
y tú.
No hay disfraz ni careta en esa ola
fuera fuera solavaya gritan todos
y alzan las manos
rehiletes que ya nada detendrá.
Tú que por siglos odiaste el carnaval
olvidas la decencia y las santas prohibiciones
olvidas a tus hijos y a tu mujer adusta
juramentos vacíos
máscara infértil de la fertilidad.
Tú sin resuello golpeas el tambor
gozando la cintura de la negra
y de la blanca
descoyuntando la cintura tú
bajo el tremor de la corneta china.
Carnaval de invierno
La tumba se coló por la puerta trasera
por la hendija bien tapiada
por el postigo azul
y tú que por siglos odiaste el carnaval
tú que gritaste solavaya fuera fuera
estás marcando el paso en la comparsa
tu orgullo diluido en la carne del tambor
en el fragor de la corneta china.
Arrollando van los negros
y los blancos
y tú.
No hay disfraz ni careta en esa ola
fuera fuera solavaya gritan todos
y alzan las manos
rehiletes que ya nada detendrá.
Tú que por siglos odiaste el carnaval
olvidas la decencia y las santas prohibiciones
olvidas a tus hijos y a tu mujer adusta
juramentos vacíos
máscara infértil de la fertilidad.
Tú sin resuello golpeas el tambor
gozando la cintura de la negra
y de la blanca
descoyuntando la cintura tú
bajo el tremor de la corneta china.
sábado, 24 de maio de 2014
Uma poesia do poemário Sombras luminosas:
António Eduardo Lico
Insólito divino
Das minhas mãos nascem rosas
dos olhos luas feridas.
Ai velho Zeus, de tão carcomido
já não te nascem deusas das divinas coxas.
Reinam centopeias de enxofre nos
meandros dos teus intestinos.
Mãos e rosas, olhos e luas
já não fazem deuses.
Insólitas divindades
e ainda mais insólitos
profetas e teólogos
já gastaram todas
as rosas e luas.António Eduardo Lico
Uma poesia da poetisa cubana Maria Eugenia Caseiro:
Aquí lloviendo.
Estoy aquí, aquí lloviendo
acumulada de cajas de cartón
con dibujos y letreros,
jorobándome la poesía por dentro
con el techo de zinc en la cabeza
con la lengua enredada
y la canción fuera de tono,
con mis alas de papel
pegándose a esta lluvia...
y me dan en la nariz hechos un trapo
mis ancestros, que ahora son ángeles
con ojos empedrados por la catarata
condenados a la pena de estos bolsillos rotos.
Estoy aquí, aquí lloviendo
con el luto perpetuo por las cosas perdidas;
mis palomas, mis abejas, y mis playas...
abrazándome al fantasma de la lluvia
gris humante en el cojín acuchillado.
A mi espalda un maniquí con la cara tapada
hubiera evitado el llanto del borracho que me vio
hubiera evitado
que la mujer que peina la calle por las noches
buscando sobre los contenes la húmeda pisada
lanzara una moneda a la fuente donde lluevo,
pero soy monólogo de lluvia
y estoy aquí, aquí lloviendo.
Aquí lloviendo.
Estoy aquí, aquí lloviendo
acumulada de cajas de cartón
con dibujos y letreros,
jorobándome la poesía por dentro
con el techo de zinc en la cabeza
con la lengua enredada
y la canción fuera de tono,
con mis alas de papel
pegándose a esta lluvia...
y me dan en la nariz hechos un trapo
mis ancestros, que ahora son ángeles
con ojos empedrados por la catarata
condenados a la pena de estos bolsillos rotos.
Estoy aquí, aquí lloviendo
con el luto perpetuo por las cosas perdidas;
mis palomas, mis abejas, y mis playas...
abrazándome al fantasma de la lluvia
gris humante en el cojín acuchillado.
A mi espalda un maniquí con la cara tapada
hubiera evitado el llanto del borracho que me vio
hubiera evitado
que la mujer que peina la calle por las noches
buscando sobre los contenes la húmeda pisada
lanzara una moneda a la fuente donde lluevo,
pero soy monólogo de lluvia
y estoy aquí, aquí lloviendo.
sexta-feira, 23 de maio de 2014
Uma poesia da poetisa nicaraguense Esthela Calderón:
ASENTAMIENTOS Y LLUVIA.
En la comunión plena del agua con la tierra
una a una las hostias hechas gotas van poblando
la encarnación incesante de todas las desgracias.
La lluvia es el cataclismo de los asentamientos
es alabanza liquida del pan
que no ha de llegar a la boca,
es el sacrificio milenario
para gloria de los omnipotentes,
es la matanza entre periodistas
por inmortalizar en rojo-vino la noticia.
Cada vez que llueve
fielmente los de arriba
hacen una nueva alianza.
ASENTAMIENTOS Y LLUVIA.
En la comunión plena del agua con la tierra
una a una las hostias hechas gotas van poblando
la encarnación incesante de todas las desgracias.
La lluvia es el cataclismo de los asentamientos
es alabanza liquida del pan
que no ha de llegar a la boca,
es el sacrificio milenario
para gloria de los omnipotentes,
es la matanza entre periodistas
por inmortalizar en rojo-vino la noticia.
Cada vez que llueve
fielmente los de arriba
hacen una nueva alianza.
quinta-feira, 22 de maio de 2014
Uma poesia da poetisa salvadorenha Claudia Lars:
Poeta soy
Para María y Mariano Coronado
Dolor del mundo entero que en mi dolor estalla,
Hambre y sed de justicia que se vuelven locura;
Ansia de un bien mayor que el esfuerzo apresura,
Voluntad que me obliga a ganar la batalla.
Sueño de toda mente que mi mente avasalla,
Miel de amor que en el pecho es río de dulzura;
Verso de toda lengua que mi verso murmura,
Miseria de la vida que mi vergüenza calla.
Poeta soy… y vengo, por Dios mismo escogida,
A soltar en el viento mi canto de belleza,
A vivir con más alto sentido de nobleza,
A buscar en la sombra la verdad escondida.
¡Y las fuerzas eternas que rigen el destino
Han de volverme polvo si equivoco el camino!
Poeta soy
Para María y Mariano Coronado
Dolor del mundo entero que en mi dolor estalla,
Hambre y sed de justicia que se vuelven locura;
Ansia de un bien mayor que el esfuerzo apresura,
Voluntad que me obliga a ganar la batalla.
Sueño de toda mente que mi mente avasalla,
Miel de amor que en el pecho es río de dulzura;
Verso de toda lengua que mi verso murmura,
Miseria de la vida que mi vergüenza calla.
Poeta soy… y vengo, por Dios mismo escogida,
A soltar en el viento mi canto de belleza,
A vivir con más alto sentido de nobleza,
A buscar en la sombra la verdad escondida.
¡Y las fuerzas eternas que rigen el destino
Han de volverme polvo si equivoco el camino!
quarta-feira, 21 de maio de 2014
terça-feira, 20 de maio de 2014
Uma poesia de John Keats:
Bright Star
Bright star, would I were stedfast as thou art--
Not in lone splendour hung aloft the night
And watching, with eternal lids apart,
Like nature's patient, sleepless Eremite,
The moving waters at their priestlike task
Of pure ablution round earth's human shores,
Or gazing on the new soft-fallen mask
Of snow upon the mountains and the moors--
No--yet still stedfast, still unchangeable,
Pillow'd upon my fair love's ripening breast,
To feel for ever its soft fall and swell,
Awake for ever in a sweet unrest,
Still, still to hear her tender-taken breath,
And so live ever--or else swoon to death.
Bright Star
Bright star, would I were stedfast as thou art--
Not in lone splendour hung aloft the night
And watching, with eternal lids apart,
Like nature's patient, sleepless Eremite,
The moving waters at their priestlike task
Of pure ablution round earth's human shores,
Or gazing on the new soft-fallen mask
Of snow upon the mountains and the moors--
No--yet still stedfast, still unchangeable,
Pillow'd upon my fair love's ripening breast,
To feel for ever its soft fall and swell,
Awake for ever in a sweet unrest,
Still, still to hear her tender-taken breath,
And so live ever--or else swoon to death.
segunda-feira, 19 de maio de 2014
Uma poesia de António Gedeão:
Poema da Auto-estrada
Voando vai para a praia
Leonor na estrada preta.
Vai na brasa, de lambreta.
Leva calções de pirata,
vermelho de alizarina,
modelando a coxa fina,
de impaciente nervura.
como guache lustroso,
amarelo de idantreno,
blusinha de terileno
desfraldada na cintura.
Fuge, fuge, Leonoreta:
Vai na brasa, de lambreta.
Agarrada ao companheiro
na volúpia da escapada
pincha no banco traseiro
em cada volta da estrada.
Grita de medo fingido,
que o receio não é com ela,
mas por amor e cautela
abraça-o pela cintura.
Vai ditosa e bem segura.
Com um rasgão na paisagem
corta a lambreta afiada,
engole as bermas da estrada
e a rumorosa folhagem.
Urrando, estremece a terra,
bramir de rinoceronte,
enfia pelo horizonte
como um punhal que se enterra.
Tudo foge à sua volta,
o céu, as nuvens, as casas,
e com os bramidos que solta,
lembra um demónio com asas.
Na confusão dos sentidos
já nem percebe Leonor
se o que lhe chega aos ouvidos
são ecos de amor perdidos
se os rugidos do motor.
Fuge, fuge, Leonoreta
Vai na brasa, de lambreta.
Poema da Auto-estrada
Voando vai para a praia
Leonor na estrada preta.
Vai na brasa, de lambreta.
Leva calções de pirata,
vermelho de alizarina,
modelando a coxa fina,
de impaciente nervura.
como guache lustroso,
amarelo de idantreno,
blusinha de terileno
desfraldada na cintura.
Fuge, fuge, Leonoreta:
Vai na brasa, de lambreta.
Agarrada ao companheiro
na volúpia da escapada
pincha no banco traseiro
em cada volta da estrada.
Grita de medo fingido,
que o receio não é com ela,
mas por amor e cautela
abraça-o pela cintura.
Vai ditosa e bem segura.
Com um rasgão na paisagem
corta a lambreta afiada,
engole as bermas da estrada
e a rumorosa folhagem.
Urrando, estremece a terra,
bramir de rinoceronte,
enfia pelo horizonte
como um punhal que se enterra.
Tudo foge à sua volta,
o céu, as nuvens, as casas,
e com os bramidos que solta,
lembra um demónio com asas.
Na confusão dos sentidos
já nem percebe Leonor
se o que lhe chega aos ouvidos
são ecos de amor perdidos
se os rugidos do motor.
Fuge, fuge, Leonoreta
Vai na brasa, de lambreta.
domingo, 18 de maio de 2014
Reponho uma poesia do poemário Sombras luminosas:
António Eduardo Lico
Há quem tenha mantras para dizer...
Dizias mantras, não muitos, mas dizias alguns.
Felizes os que dizem pelo menos alguns mantras
têm muitos mais para dizer, saibam-nos ou não.
Os que não têm mantras para dizer,
não têm mantras para dizer, nem sabem
os mantras que ainda poderiam dizer.
Se eu fosse um filósofo grego
ia mesmo agora para a pólis discursar:
os que dizem mantras, dizem mantras;
os que não dizem mantras, não dizem mantras!
Seria assim o meu discurso.António Eduardo Lico
Uma poesia de Alfonso Sastre:
Soneto a la yaya
Querida yaya, como el buen Cervantes
en prisiones oscuras nos hallamos.
Lo que importa está libre: nos amamos
su hija y yo, señora, más que antes.
Soneto a la yaya
Querida yaya, como el buen Cervantes
en prisiones oscuras nos hallamos.
Lo que importa está libre: nos amamos
su hija y yo, señora, más que antes.
Mas no es sólo el fervor de ser amantes
la alegría actual, sino el empeño
de dedicar a la verdad de un sueño
nuestras vidas contantes y sonantes.
la alegría actual, sino el empeño
de dedicar a la verdad de un sueño
nuestras vidas contantes y sonantes.
Miedo al exterior, oh prisión mía,
oigo risas que llegan a mis huesos:
hay quien se piensa libre todavía.
oigo risas que llegan a mis huesos:
hay quien se piensa libre todavía.
Pero a pesar de todos los procesos
la noche es enemiga, nuestro el día:
nosotros somos libres y ellos presos.
la noche es enemiga, nuestro el día:
nosotros somos libres y ellos presos.
sábado, 17 de maio de 2014
Uma poesia da poetisa salvadorenha Lorena Estrada:
Posmodernidad
Desmayada voy gastándome en la noche.
Mi cuerpo es una cera ardiendo
en los sueños de los hermanos de mis amigas.
No tengo otro horizonte más que mi nombre
deletreado en el frío.
Pero así es el mundo atrás de los relojes,
Un cadáver abandono que gira
en alguna parte,
una campana ciega entre las espinas.
Yo solo tengo mi nombre deletreado en el frío.
Como presentimiento de una rosa marchita entre los labios.
Y abro los ojos y se hace la penumbra
Alguien no sabe como cantar mi nombre
[y dolerse entre las rocas al mismo tiempo.
Pero así es el mundo, en mi cama y en mi cuerpo
Un poema que arde en la llama del bullicio.
Posmodernidad
Desmayada voy gastándome en la noche.
Mi cuerpo es una cera ardiendo
en los sueños de los hermanos de mis amigas.
No tengo otro horizonte más que mi nombre
deletreado en el frío.
Pero así es el mundo atrás de los relojes,
Un cadáver abandono que gira
en alguna parte,
una campana ciega entre las espinas.
Yo solo tengo mi nombre deletreado en el frío.
Como presentimiento de una rosa marchita entre los labios.
Y abro los ojos y se hace la penumbra
Alguien no sabe como cantar mi nombre
[y dolerse entre las rocas al mismo tiempo.
Pero así es el mundo, en mi cama y en mi cuerpo
Un poema que arde en la llama del bullicio.
sexta-feira, 16 de maio de 2014
Reponho uma poesia do poemário Sombras luminosas:
António Eduardo Lico
Escrito para um secreto habitante dos Montes Hermínios
Secreto e alado voavas nesses montes,
Hermínios pelo teu secreto nome.
Era o teu secreto Olimpo,
o mais verdadeiro.
Ainda hoje os teus divinos parceiros
pensam que moram no Olimpo.António Eduardo Lico
quinta-feira, 15 de maio de 2014
Reponho uma poesia do poemário Sombras luminosas:
António Eduardo Lico
Observando as Plêiades... e meditando vagamente numa
antiga donzela que por amor a um marinheiro foi transformada em ave aquática...
Fulgente no Sete Estrelo
Alcion, líquida estrela
ou imperfeito pássaro luminoso
feito luz pura na água
como um risco sideral
que te fez luz eterna.António Eduardo Lico
Uma poesia da poetisa argentina Maria Julieta Salusso:
El final
La delgada membrana del silencio
se vio duramente traspasada
por los gritos mudos
que disimuladamente afloraban
desde el fondo de gargantas resecas.
Las filosas palabras silentes
dejaban oír su eco
rebotando sin cesar
contra las murallas del tiempo.
Y yo estaba ahí,
tratando de armar la mil piezas
del rompecabezas de mi vida, pues
creí escuchar la voz que me llamaba
a rendir cuentas
de mi transitar por esta vida.
El final
La delgada membrana del silencio
se vio duramente traspasada
por los gritos mudos
que disimuladamente afloraban
desde el fondo de gargantas resecas.
Las filosas palabras silentes
dejaban oír su eco
rebotando sin cesar
contra las murallas del tiempo.
Y yo estaba ahí,
tratando de armar la mil piezas
del rompecabezas de mi vida, pues
creí escuchar la voz que me llamaba
a rendir cuentas
de mi transitar por esta vida.
quarta-feira, 14 de maio de 2014
Reponho uma poesia do poemário Sombras luminosas:
António Eduardo Lico
Há muito tempo...
Há muito tempo, iniciei uma poesia
que começava assim:
“As largas Avenidas do Outono...”.
Hoje, sempre há um hoje,
sinto que deveria ter começado assim:
“As largas Avenidas, no Outono”...
Porque é que hoje eu sei
que o Outono não tem Avenidas?
Nem sequer vielas, ou estátuas.
Se hoje fosse ontem
começaria o poema assim:
“As largas Avenidas do Outono...”António Eduardo Lico
Uma poesia do poeta salvadorenho Juan Ernesto Cadenas:
Niño pobre
Bajó del cerro lleno de ilusiones
cruzó vereda atajos y camino
sin protestar acepta su destino
murmura sus canciones.
Y desde que era él solo un chiquillo
a fuerza el sol le tiene la piel curtida
labra la tierra, ganando la vida
sonríe cual inquieto pajarillo.
Exquisito sabor carga en su espalda
cacastle lleno, exótica dulzura,
el cielo llena de ilusión madura
y perfuma el paisaje esmeralda.
Ofrece la delicia
con su tímida voz entre la gente
que por su lado pasa indiferente,
Que dolor que injusticia.
que nadie quiera su fruta comprar
El niño pobre vino de la sierra
comparte su miseria con la tierra
sus ilusiones rotas al regresar.
Niño pobre
Bajó del cerro lleno de ilusiones
cruzó vereda atajos y camino
sin protestar acepta su destino
murmura sus canciones.
Y desde que era él solo un chiquillo
a fuerza el sol le tiene la piel curtida
labra la tierra, ganando la vida
sonríe cual inquieto pajarillo.
Exquisito sabor carga en su espalda
cacastle lleno, exótica dulzura,
el cielo llena de ilusión madura
y perfuma el paisaje esmeralda.
Ofrece la delicia
con su tímida voz entre la gente
que por su lado pasa indiferente,
Que dolor que injusticia.
que nadie quiera su fruta comprar
El niño pobre vino de la sierra
comparte su miseria con la tierra
sus ilusiones rotas al regresar.
terça-feira, 13 de maio de 2014
Reponho uma poesia do poemário Amanhecer obscuro:
António Eduardo Lico
Assim falou Zaratustra
Quando Al Capone procurava
centopeias na Ursa Maior
e sonhava com Obama
a fazer penteados afro na Cassiopeia,
ainda havia filósofos franceses
peritos em silogismos,
e capazes de discursar:
Oh verdes lagartos, tão jurássicos!
como podeis viver
em pleno pós-modernismo?
Se ao menos fossem motards
ao jeito de Hollande!
Mas a nós, a nós meus amigos
quem nos salva da velocidade
fenomenológica de Hollande?
Ai das libélulas tristes
que escutam velhos sábios e santos;
nunca voarão para a luz!
Ai das belas flores ornadas de perfumes
serão para todos e para ninguém!
Do monte surge o sol, dourando
os precipícios de chumbo.
Indiferente, Zaratustra medita.António Eduardo Lico
Uma poesia de Herberto Hélder:
Como uma rosa no fundo da cabeça,que maneira obscura
de morte.O perfume a sangue à volta da camisa
fria,a boca cheia de ar,a memória
ecoando como as vozes
de agora.Onde está sentada brilha de tantas
moléculas
vivas,tanto hidrogénio,tanta seda escorregadia dos ombros
para baixo.Toca eu
de onde rompe a rosa.uma criança
luciferina.A mãe fechava,
abria em torno a torrente dos átomos
sobre a cara.Aquilo que a estrangula dos pulmões
à garganta
é a rosa infundida.Leva um braço às costas,
suando,raiando
pelo sono fora.Está queimada onde lhe toca.Falaria alto
se o peso a enterrasse à altura das vozes.
Via a matéria radiosa de que é feito o mundo.
A língua doce de leite,
a mão direita na massa agre,o sexo banhado
no manancial secreto.
O dom que transtorna a criança ardente é leve como
a respiração,leve como
a agonia.
Uma rosa no fundo da cabeça.
Como uma rosa no fundo da cabeça
de morte.O perfume a sangue à volta da camisa
fria,a boca cheia de ar,a memória
ecoando como as vozes
de agora.Onde está sentada brilha de tantas
moléculas
vivas,tanto hidrogénio,tanta seda escorregadia dos ombros
para baixo.Toca eu
de onde rompe a rosa.uma criança
luciferina.A mãe fechava,
abria em torno a torrente dos átomos
sobre a cara.Aquilo que a estrangula dos pulmões
à garganta
é a rosa infundida.Leva um braço às costas,
suando,raiando
pelo sono fora.Está queimada onde lhe toca.Falaria alto
se o peso a enterrasse à altura das vozes.
Via a matéria radiosa de que é feito o mundo.
A língua doce de leite,
a mão direita na massa agre,o sexo banhado
no manancial secreto.
O dom que transtorna a criança ardente é leve como
a respiração,leve como
a agonia.
Uma rosa no fundo da cabeça.
segunda-feira, 12 de maio de 2014
Reponho uma poesia do poemário Sombras luminosas:
António Eduardo Lico
Lamento para os deuses desaparecidos
No tempo em que os deuses eram feitos de nada
e os homens eram feitos de tudo
os deuses eram felizes, e eram livres.
E eram muitos, nasciam do nada, e eram tudo.
Agora que desapareceram, devem estar nostálgicos
de divina nostalgia.
Não sei se os deuses, mesmo os desaparecidos,
sentem nostalgia; afinal já não existem.
Mais certo é os deuses que ainda existem
sofrerem de nostalgia, ainda que ferindo
os seus divinos atributos e potestades.
Não, não venho armado de intenções teológicas
ou sequer de nostalgia.
Os deuses antigos eram mais deuses
porque já não existem.António Eduardo Lico
Uma poesia de Paul Éluard:
La terre est bleue
La terre est bleue comme une orange
Jamais une erreur les mots ne mentent pas
Ils ne vous donnent plus à chanter
Au tour des baisers de s'entendre
Les fous et les amours
Elle sa bouche d'alliance
Tous les secrets tous les sourires
Et quels vêtements d'indulgence
À la croire toute nue.
Jamais une erreur les mots ne mentent pas
Ils ne vous donnent plus à chanter
Au tour des baisers de s'entendre
Les fous et les amours
Elle sa bouche d'alliance
Tous les secrets tous les sourires
Et quels vêtements d'indulgence
À la croire toute nue.
Les guêpes fleurissent vert
L'aube se passe autour du cou
Un collier de fenêtres
Des ailes couvrent les feuilles
Tu as toutes les joies solaires
Tout le soleil sur la terre
Sur les chemins de ta beauté.
Oeil de sourd
Faites mon portait.
Il se modifiera pour remplir tous les vides.
Faites mon portrait sans bruit, seul le silence,
A moins que - s'il - sauf - excepté -
Je ne vous entends pas.
Il s'agit, il ne s'agit plus.
Je voudrais ressembler -
Fâcheuse coïncidence, entre autres grandes affaires.
Sans fatigue, têtes nouées
Aux mains de mon activité.
domingo, 11 de maio de 2014
Reponho uma poesia do poemário Sombras luminosas:
Antonio Eduardo Lico
Bucólica
Nas Éclogas falamos de pastores.
Nas poesias que não são Éclogas
não falamos de pastores.
Os pastores das Éclogas são breves;
tão fugazes como uma poesia que se escreve
e se torna inútil, porque já foi escrita.
Lá fora a chuva cai oblíqua às horas
e transforma o silêncio em música líquida.
Numa qualquer personagem de mim mesmo,
passam na memória vagos pastores.
Afasto as horas e os relógios
e sou apenas este instante.Antonio Eduardo Lico
Uma poesia do poeta cubano Karel Leyva:
El mar es la distancia entre dos puertos
inquieta zubia orlada de veleros
que surcan nuevamente los senderos
en busca de su presa cual podencos
Atados a famélicos maderos
los náufragos oscilan hacen ciertos
los rostros marginados del ajenjo
la pálida caricia del estero
Parados frente al mar vemos al dedo
tornarse un ilusorio parlamento
al barco en la ciudad a los silencios
en el común hojearse ante el espejo
Somos los argonautas solo eso
pendientes de la gloria y el regreso
El mar es la distancia entre dos puertos
inquieta zubia orlada de veleros
que surcan nuevamente los senderos
en busca de su presa cual podencos
Atados a famélicos maderos
los náufragos oscilan hacen ciertos
los rostros marginados del ajenjo
la pálida caricia del estero
Parados frente al mar vemos al dedo
tornarse un ilusorio parlamento
al barco en la ciudad a los silencios
en el común hojearse ante el espejo
Somos los argonautas solo eso
pendientes de la gloria y el regreso
sábado, 10 de maio de 2014
Reponho uma poesia do poemário Sombras luminosas:
António Eduardo Lico
Prometeu
Oh insigne Prometeu, da raça de deuses antigos destronados
que sendo deus, não tinha o fogo, apenas o Princípio.
Zeus deu-te um tangível fígado, Homero deu-te qualidades.
Zeus, depressa esgotou a imaginação,
deuses de segunda geração, são assim!
Enviar-te uma águia para te devorar o fígado
e depois espalhar a tua divindade pelo Peleponeso.
Queria-te eternamente póstumo, matando-te todos os dias,
que são assim os deuses de segunda geração;
Héracles te libertou; divino como eras
regressaste ao Princípio.António Eduardo Lico
Uma poesia de Hélia Correia:
POEMA
POEMA
Ouço o incêndio, as fábricas. O berço
do suor interrupto. Ouço às vezes quem se ama
onde o amor não há – apenas morre
no clandestino abrir.
Ouço às vezes quem rompe os mapas cerce
e então na noite recupera as loucas
emigrações da história. Ouço crescendo
secamente os filhos no rancor e na linfa.
Astuciosamente recolhendo as vastidões adversas.
Ouço em momentos fartos o entulho,
desdobrada a raiz, fundar o mês da heresia,
a sábia recriação do sumo.
Ouço o arado. A luz. Profundamente
os barcos segregados na propensão do mar.
Ainda quem a medo desagregue
a centenária paz:
- os homens,
onde os ouço, aqui recordo
as origens compradas do terror.
Os homens, onde os ouço, aqui confirmo
suas mãos.
do suor interrupto. Ouço às vezes quem se ama
onde o amor não há – apenas morre
no clandestino abrir.
Ouço às vezes quem rompe os mapas cerce
e então na noite recupera as loucas
emigrações da história. Ouço crescendo
secamente os filhos no rancor e na linfa.
Astuciosamente recolhendo as vastidões adversas.
Ouço em momentos fartos o entulho,
desdobrada a raiz, fundar o mês da heresia,
a sábia recriação do sumo.
Ouço o arado. A luz. Profundamente
os barcos segregados na propensão do mar.
Ainda quem a medo desagregue
a centenária paz:
- os homens,
onde os ouço, aqui recordo
as origens compradas do terror.
Os homens, onde os ouço, aqui confirmo
suas mãos.
sexta-feira, 9 de maio de 2014
quinta-feira, 8 de maio de 2014
Reponho uma poesia do poemário Sombras luminosas:
António Eduardo Lico
Esfinge
Esfinge que dormes na areia,
és nua na pedra em que estás prisioneira.
Esfinge que fitas para dentro de ti,
que palavras não dizes?
Que silêncio pinta os teus lábios
de deusa de pedra?
Que todos procuram
as palavras que não dizes.António Eduardo Lico
Uma poesia do poeta cubano Isbel Diaz Torres:
TOCAR
Yo que nunca aprendí a tocar guitarra,
y tenía las uñas largas, de gran concertista,
de trasvesti en resaca tremolante,
uñas largas para el Aria de Bach
sonando como un nintendo desafinado,
como una mezzo en su última presentación,
Yo, que nunca aprendí a tocar guitarra,
y hacía vibratos con el tubo del ómnibus,
como si la guitarra fuera en realidad un cello,
un clítoris que lograba potenciales de accción bajo mis yemas,
el timbre de la puerta que suena en el espamo imprevisto.
Yo nunca aprendí.
Yo cargaba con mi instrumento
como quien tiende una playa ante los otros,
y los invita a sentarse, a tomarse un jugo de mango,
los invita
a escuchar a Mozart, o Haydn, o teleman...
pero no había música más que en mi impúber mosquitero,
en las gasas por donde me escapaba.
Caminaba por 250, doblaba en 27, y
el tema entraba en las cuerdas graves,
como al final de Aranjuez (segundo movimiento, el que se sabe la gente...)
el tema entraba, bien marcado, bien lento,
y yo me preguntaba si serían blancas,
o un ritardando,
o una metástasis que ahoga al guitarrista que nunca seré.
Yo, que nunca aprendí,
miraba la música como quien mira un animal triste,
de ojos redondos,
un animal sin barcos, sin alfiles listos, sin luz;
y por entre sus toldos veía un vapor, su ascenso lunático
que me perdonaba la envidia,
me perdonaba mi ausencia de los tálamos fundadores,
mi ausencia de la audacia y las escalas cromáticas,
de Darius Milhaud, y Mozart, y de mi propio jugo de mango...
mi ausencia de la esquina de Aranjuez y de los premios,
yo, que nunca logré afinar la prima,
que nunca aprendí a tocar guitarra.
TOCAR
Yo que nunca aprendí a tocar guitarra,
y tenía las uñas largas, de gran concertista,
de trasvesti en resaca tremolante,
uñas largas para el Aria de Bach
sonando como un nintendo desafinado,
como una mezzo en su última presentación,
Yo, que nunca aprendí a tocar guitarra,
y hacía vibratos con el tubo del ómnibus,
como si la guitarra fuera en realidad un cello,
un clítoris que lograba potenciales de accción bajo mis yemas,
el timbre de la puerta que suena en el espamo imprevisto.
Yo nunca aprendí.
Yo cargaba con mi instrumento
como quien tiende una playa ante los otros,
y los invita a sentarse, a tomarse un jugo de mango,
los invita
a escuchar a Mozart, o Haydn, o teleman...
pero no había música más que en mi impúber mosquitero,
en las gasas por donde me escapaba.
Caminaba por 250, doblaba en 27, y
el tema entraba en las cuerdas graves,
como al final de Aranjuez (segundo movimiento, el que se sabe la gente...)
el tema entraba, bien marcado, bien lento,
y yo me preguntaba si serían blancas,
o un ritardando,
o una metástasis que ahoga al guitarrista que nunca seré.
Yo, que nunca aprendí,
miraba la música como quien mira un animal triste,
de ojos redondos,
un animal sin barcos, sin alfiles listos, sin luz;
y por entre sus toldos veía un vapor, su ascenso lunático
que me perdonaba la envidia,
me perdonaba mi ausencia de los tálamos fundadores,
mi ausencia de la audacia y las escalas cromáticas,
de Darius Milhaud, y Mozart, y de mi propio jugo de mango...
mi ausencia de la esquina de Aranjuez y de los premios,
yo, que nunca logré afinar la prima,
que nunca aprendí a tocar guitarra.
quarta-feira, 7 de maio de 2014
Uma poesia do poeta espanhol Martín Lucia:
Se llamará
Se llamaba Manuela.
O Jimena. O Leonor.
Como ella quisiera,
pues era cada palabra
y, a la vez, cada letra.
Hubo días que la llamé caricia.
Otros, susurro.
De noche la llamé vida.
De día, a veces, ni la nombré.
Pero vino. Siempre vino.
También la he llamado silencio.
Recuerdo cuando la llamé dormida.
Recuerdo...
La llamé días que quedan.
Hoy la llamo melancolía.
Se llamará
Se llamaba Manuela.
O Jimena. O Leonor.
Como ella quisiera,
pues era cada palabra
y, a la vez, cada letra.
Hubo días que la llamé caricia.
Otros, susurro.
De noche la llamé vida.
De día, a veces, ni la nombré.
Pero vino. Siempre vino.
También la he llamado silencio.
Recuerdo cuando la llamé dormida.
Recuerdo...
La llamé días que quedan.
Hoy la llamo melancolía.
terça-feira, 6 de maio de 2014
Reponho uma poesia do poemário Amanhecer obscuro:
Bem Aventuranças
Bem aventurados os bancos
que ficam com o nosso dinheiro
e nós ficamos com as dívidas.
Bem aventurada Merkel
que dela será o reino de Bismarck.
Bem aventurado Cameron
que dele será o reino das
couves de Bruxelas.
Bem aventurado Obama
que dele serão mais de um milhão
de mortos das suas guerras imperiais.
Bem aventurado Hollande
com os seus homosexuais na Nôtre Dame
e bombas no Mali..
Bem aventurada Nato
que dela serão os anjos metálicos
por sobre o céu da Líbia.
Bem aventurados todos os
bem aventurados e os
não bem aventurados
que esperam nuvens plácidas
e açucenas de carvão
nos cabelos das mulheres.
Os robots voadores de Obama
são bem aventurados
porque matam sem saber
e fazem excrecências nos céus
logo abaixo dos deuses
como se tangessem
as liras da Roma Imperial.
Bem aventuradas as televisões
do Império e os jornais
do Império e as rádios
do Império e os blogs do Império
que deles é o reino da mentira.
Os economistas do Império
são bem aventurados
porque transformam a miséria
do mundo em dinheiro
no bolso dos seus amos.
Bem aventurados os que
morrem de fome que deles
não se farão epitáfios
e os seus ventres inchados
voarão como balões loucos
nas festas de caridade.
Mal aventurado o poeta
que ergue lírios como
se fossem sinos a tocar a rebate
que dele só serão as noites futuras.
Bem aventuradas as bem aventuranças
que delas só serão a argila
ou o pó que dela ficar.
António Eduardo Lico
Uma poesia da poetisa mexicana Karina Falcón:
Es el vaho de sentirme pequeña, de
No encontrar pertenencia o aforo en
El Olimpo; no mío el Edén y en mí
Perdido. Por el Anhelo:
Por la audacia de la serpiente.
Es la gracia de verme imperceptible,
Sentir las pequeñas implosiones y mis
Diminutas extremidades. Los delgados
Dedos; los pies justos; la boca breve y
Toda yo reducida.
Es el tumulto de sentirme a medida; en
Medida: así desorbitada. Minúscula
Espalda que se agrieta, que perfora
En la piel hoyuelos para que el perfume
Absorba esplendor y lo reconcilie
Exiguo; lo evapore en minúsculo.
Yo serpiente en reducción minúscula.
Es el vaho de sentirme pequeña, de
No encontrar pertenencia o aforo en
El Olimpo; no mío el Edén y en mí
Perdido. Por el Anhelo:
Por la audacia de la serpiente.
Es la gracia de verme imperceptible,
Sentir las pequeñas implosiones y mis
Diminutas extremidades. Los delgados
Dedos; los pies justos; la boca breve y
Toda yo reducida.
Es el tumulto de sentirme a medida; en
Medida: así desorbitada. Minúscula
Espalda que se agrieta, que perfora
En la piel hoyuelos para que el perfume
Absorba esplendor y lo reconcilie
Exiguo; lo evapore en minúsculo.
Yo serpiente en reducción minúscula.
segunda-feira, 5 de maio de 2014
Reponho uma poesia do poemário Amanhecer obscuro:
Um Abril de Abril
Um Abril de Abril
Em Abril, flores mil
Para explodirem
Com o orvalho das madrugadas
E pintarem a tristeza
Das cores que só as flores têm.
Georges, sabes, no meu país
Há tardes de Abril
Que parecem Agosto
E em Lisboa o Tejo
Esse eterno filho de Abril
Casa o seu azul baço
Com o fulgurante azul de céu
E ao longe formam
Uma só linha azul que marca Abril.
Georges, sabes, no meu país
Há flores que nascem antes do seu tempo
Como se quisessem
Vestir Abril de perfumes
E febril alegria
E as moças morenas
Cantam os hinos secretos
De todos os perfumes de Abril.
Sabes, Georges, no meu país
Abril só começa de madrugada
Como se quisesse nascer
do orvalho e tecido pelo
perfume das flores que no meu país
nascem antes do tempo.
Sabes Georges, no meu país
Abril só pode ser Abril.
António Eduardo Lico
Uma poesia da poetisa salvadorenha Beatriz Henríquez:
Un preservativo tan inmenso donde caben
Mis hijos acumulados
Un aceite sexual que revela mis orígenes
En la cabecera.
No sé de playas, banderas, filantropías,
Pero si de piedras secretas ocultas bajo la mano
Ni de republicanos, verbos o mecánica
Solo del hombre con sus temibles manos de piedra.
Un preservativo tan inmenso donde caben
Mis hijos acumulados
Un aceite sexual que revela mis orígenes
En la cabecera.
No sé de playas, banderas, filantropías,
Pero si de piedras secretas ocultas bajo la mano
Ni de republicanos, verbos o mecánica
Solo del hombre con sus temibles manos de piedra.
domingo, 4 de maio de 2014
Reponho uma poesia do poemário Amanhecer obscuro:
PPC, ou a balada de todos os bancários a que muitos
chamam políticos
PPC, seja, Pedro Passos Coelho
não usa chapéu de feltro
nem conhece a estética do canto dos
canários e não distingue
um checo de um eslovaco.
Usa um pequeno rectângulo
na lapela: via-se numa foto de jornal.
Olhando com atenção, lá está:
é a bandeira de Portugal.
De uma só vez e num gesto
a la Georges Bush, PPC pendura o
País.
PPC não sabe onde fica
o Forte de S.João Baptista de Ajudá
e pensa que Porto Seguro fica
onde fica o dito Partido Socialista.
PPC é bancário; bancário de um só sentido:
só recebe, e quer receber mais, e não pagar.
PPC aderiu a uma moda antiga:
políticos são todos bancários.
Trabalham para os banqueiros,
nem que tenham que usar na lapela,
bandeiras e fingirem que são inteligentes, diligentes
e piedosos. Não desisto de ver PPC
fazer versos ao padre Américo
e fazer lobbying pela santidade de Cavaco Silva,
também ele um devotado bancário.
PPC é contabilisticamente ininputável
e faz balancetes com talões do BPN nas horas de ócio.
PPC, oficia o seu múnus como um Cardeal clandestino
saído, não de refinados salões florentinos,
ordenado como foi na jsd, e com o secreto
sonho de ser canonizado pela troika
e venerado para todo o sempre
nos santuários que vão de Bruxelas a Berlim e a
Washington.
António Eduardo Lico
Uma poeisa da poetisa mexicana Marcela Sois-Quiroga:
Poema de una isla imaginaria
Poema de una isla imaginaria
Si existieran las sirenas
el mar no sería
ni dulce ni salado,
el aire cantaría rumbas,
bruma de rocío,
agua de lluvia
sobre las piedras.
Si existieran las sirenas
sus cabellos danzarían
en mis ojos,
acariciarían las ostras
que besan corales negros.
Si sus cabellos fueran
rizados o negros,
rubios o rojos,
les pediría su brillo
para iluminar la calva
de mi olvido.
Si su pecho fuera cálido
tendría perlas,
sólo perlas,
dulzuras de coco
en la espuma.
Si existieran las sirenas
su aroma secaría mis lamentos,
los años empolvados
de la lumbre en viento.
Si mis años fueran agua
la inmortalidad de su viaje
aseguraría que mis escamas
no sintieran el frío
de las olas congeladas.
Mas… ni el tiempo
ni mis sueños son agua,
tan sólo son el viento
de una marea,
sirena de tierra,
humedad entre ramas.
el mar no sería
ni dulce ni salado,
el aire cantaría rumbas,
bruma de rocío,
agua de lluvia
sobre las piedras.
Si existieran las sirenas
sus cabellos danzarían
en mis ojos,
acariciarían las ostras
que besan corales negros.
Si sus cabellos fueran
rizados o negros,
rubios o rojos,
les pediría su brillo
para iluminar la calva
de mi olvido.
Si su pecho fuera cálido
tendría perlas,
sólo perlas,
dulzuras de coco
en la espuma.
Si existieran las sirenas
su aroma secaría mis lamentos,
los años empolvados
de la lumbre en viento.
Si mis años fueran agua
la inmortalidad de su viaje
aseguraría que mis escamas
no sintieran el frío
de las olas congeladas.
Mas… ni el tiempo
ni mis sueños son agua,
tan sólo son el viento
de una marea,
sirena de tierra,
humedad entre ramas.
sábado, 3 de maio de 2014
Reponho uma poesia do poemário Amanhecer obscuro:
Reflexão útil num dia de chuva
Eu gosto de tudo o que faço.
O que não faço, não
é aquilo que faço.
Pura Tautolgia! Dir-me-ão:
antes tautólogo
que tarólogo.
Podia ter dito tautologista;
podia ter dito tarologista.
Apenas não quis ficar sem o logos.
Não sou esteta, nem mesmo
obstetra.Poderá haver quem me pense um tetraedo:
não sou e da Geometria
apenas me interessa
a primeira letra.
A chuva cai, líquida
como convém a toda a chuva
e depois pára, sem reflectir.
António Eduardo Lico
Uma poesia da poetisa mexicana Ana Kupfer Asse:
El reflejo de la letra
A mi mamá
Frente a frente se halló el poeta
reflejado en su pergamino.
Anunció su vacío,
encontró pura nostalgia.
Gritó, pero nadie lo escuchó.
El escritor se encerró en su poema,
llegó a su memoria todo lo que le faltaba
y miró hacia atrás,
derramando versos
en una gaviota.
El reflejo de la letra
A mi mamá
Frente a frente se halló el poeta
reflejado en su pergamino.
Anunció su vacío,
encontró pura nostalgia.
Gritó, pero nadie lo escuchó.
El escritor se encerró en su poema,
llegó a su memoria todo lo que le faltaba
y miró hacia atrás,
derramando versos
en una gaviota.
sexta-feira, 2 de maio de 2014
Reponho uma poesia do poemário Amanhecer obscuro:
Pior que roubar um banco é fundar um banco
Bertold Brecht
Poema concreto
Escrevo poemas que quisera
efémeros, como o vento
que beija as flores
e levanta ondas ao mar
para logo se desfazem na areia da praia,
como se o mar todo se acabasse naquele momento.
O vento quando beija as flores
não é como um cheque, ou uma letra:
quando se acabam, os bancos emitem mais.
Mesmo que se lhes acabe o dinheiro,
emitem mais. Porque eu não posso
emitir o meu dinheiro quando se me acaba?
Quando se me acabam as flores, procuro por mais.
O vento quando beija as flores, beija-as
como se nunca acabasse, e se acabasse
o saldo não seria negativo.
Até o Olimpo e os belos deuses gregos
se acabaram; ninguém se importou
em emitir mais; depois vieram profetas
que emitiram deuses e paraísos diferentes
Os bancos e os banqueiros
emitem dinheiro como se
emitissem paraísos e divindades.
Houvera quem os roubasse
como o vento rouba das flores
os perfumes.
António Eduardo Lico
Uma poesia da poetisa salvadorenha Corina Bruni:
Ya la Luna está cansada
de oír que la llamen “pálida”
los bardos, en sus poemas.
Por eso esta noche cálida
se ha asomado sonrosada
por el humo de las “quemas”.
Y, sin pena ni dolor,
el Sol se fumó los montes,
y alistó su bastidor
para bordar horizontes.
Ya la Luna está cansada
de oír que la llamen “pálida”
los bardos, en sus poemas.
Por eso esta noche cálida
se ha asomado sonrosada
por el humo de las “quemas”.
Y, sin pena ni dolor,
el Sol se fumó los montes,
y alistó su bastidor
para bordar horizontes.
quinta-feira, 1 de maio de 2014
Reponho uma poesia do poemário Amanhecer obscuro:
A cal que não fosse ávida de água...
Nunca escrevi versos em que usasse a palavra cal.
Eu sei que nunca tive razões para o fazer,
mas nunca fiz, e assim o digo.
Reconheço que já usei a palavra óxido,
não muitas vezes, mas usei, noblesse oblige.
Usei, já o disse, não para oxidar o poema,
ou provocar outras reacções,
não que eu seja dado ao estudo da química
mas dizem-me que pode haver reacções...
A cal, ao que dizem, é ávida de água
E eu só quero a cal que não é ávida
de água, seja água, água, ou oxigenada;
não digam que estou a usar óxido
neste fazer o poema.
Não sou futurista, nem me corre
nas veias o mais leve ânimo post-moderno,
por isso usei óxido com moderação
e ainda espero a cal que não seja ávida de água.
António Eduardo Lico
Uma poesia de José Afonso:
Maio Maduro maio
Maio maduro Maio, quem te pintou Quem te quebrou o encanto, nunca te amou
Raiava o sol já no Sul, Ti ri tu ri tu ri tu ru Ti ri tu ru tu ru
E uma falua vinha lá de Istambul
E uma falua vinha lá de Istambul
Sempre depois da sesta chamando as flores
Era o dia da festa Maio de amores
Era o dia de cantar, Ti ri tu ri tu ri tu ru Ti ri tu ru tu ru
E uma falua andava ao longe a varar
Maio com meu amigo quem dera já
Sempre no mês do trigo se cantará
Qu'importa a fúria do mar, Ti ri tu ri tu ri tu ru Ti ri tu ru tu ru
Que a voz não te esmoreça vamos lutar
Numa rua comprida El-rei pastor
Vende o soro da vida que mata a dor
Anda ver, Maio nasceu, Ti ri tu ri tu ri tu ru Ti ri tu ru tu ru
Que a voz não te esmoreça a turba rompeu
quarta-feira, 30 de abril de 2014
Reponho uma poesia do poemário Amanhecer obscuro:
Cur non mitto meos tibi, Pontiliane, libellos ?
Ne mihi mittas, Pontiliane, tuos.
(Marcial, Epigr., VII, 3)
O binómio de Newton não é belo
é apenas um binómio:
é uma expressão que permite
calcular o desenvolvimento
de (a+b)n, sendo a+b um binómio
e n um número
Se ao menos n não fosse um número...
mas é! Dizem que é até um número natural
Os números podem até ser naturais
e pode ser reclamada a propriedade dos binómios;
continuarão a ser apenas expressões
de algo que não sabemos sequer se sabemos
Alexandre tinha inveja de Aquiles
que foi cantado por Homero.
Não teria inveja daquele binómio, o de Newton;
ao que sabemos, Newton não cantava
E mesmo que cantasse!
Já tinha estragado tudo
fazendo um binómio
Binómios não se fazem;
sabe-se que se podem fazer.
mas não se fazem!
Goethe preferia a injustiça à desordem
Newton preferia os binómios
o que será pior?
O binómio de Newton não é belo;
se não fosse de Newton, nem binómio
seria belo
António Eduardo Lico
Uma poesia da poetisa cubana Dulce Maria Loynaz:
LA ORACIÓN DE LA ROSA
Padre nuestro que estás en la tierra; en la fuerce
y hermosa tierra;
en la tierra buena;
Santificado sea el nombre tuyo
que nadie sabe; que en ninguna forma
se atrevió a pronunciar este silencio
pequeño y delicado..., este
silencio que en el mundo
somos nosotras,
las rosas...
Venga también a nos, las pequeñitas
y dulces flores de la tierra,
el tu Reino prometido...,
Hágase en nos tu voluntad, aunque ella
sea que nuestra vida sólo dure
lo que dura una tarde...
El sol nuestro de cada día, dánoslo
para el único día nuestro...
Perdona nuestras deudas
-la de la espina,
la del perfume cada vez mas débil,
la de la miel que no alcanzó
para la sed de dos abejas...-,
así como nosotras perdonamos
a nuestros deudores los hombres,
que nos cortan, nos venden y nos llevan
a sus mentiras fúnebres,
a sus torpes o insulsas fiestas...
No nos dejes caer
nunca en la tentación de desear
la palabra vacía - ¡el cascabel
de las palabras!...-,
ni el moverse de pies
apresurados,
ni el corazón oscuro de
los animales que se pudre...
Mas líbranos de todo mal.
Amen.
segunda-feira, 28 de abril de 2014
Reponho uma poesia do poemário Amanhecer obscuro:
António Eduardo Lico
Once… a few verses
Once I wrote a few verses
there
were nightingales on your fingers,
green
snakes grew up from your hair
as if
Spring was inside you
I wrote a
few more
but I can’t
remember them
they were
destroyed
by the acid
only time has
someone
told me
that using
the word acid
was good
for my poetry
critics
love reading
this word
trough the poems
oh critics,
see how well
I use the
word acid!
What? No, I
am not a chemist
nor even a
grammarian
I just draw
words
without
knowing the meaning
If I was a
poet, pardon, a critic
or a thin
literate, I should know
that
nightingales belong to the dawn
and snakes
to the Scriptures.
Spring
is a question of Cancer
or
Capricorn, all depends on latitude.
I am
not a geographer
and I
have to finish some verses:
there
were nightingales on your fingers,
green
snakes grew up from your hair
as if
was Spring inside you…
If you
don’t mind!
António Eduardo Lico
Uma poesia do poeta salvadorenho Roque Dalton:
LO QUE ME DIJO UN LOCO
Me contaste que tu padre era un pequeño mar.
Que los ángeles son unos estupidillos
Pero por las noches hacen mucho daño con sus uñas de cola de cometa.
Me contaste que en tu casa la lluvia naufraga
Y tus hermanas castran furiosas los almendros.
Me contaste que los sedientos son la gran esperanza.
Que silbar en los parques es confesarse impotente
De recuperar el vino de las palabras que uno doce de niño.
Me contaste que la mujer gorda te era desconocida
Y que por eso odiabas los gestos de su espalda.
Me contaste que era mejor no salir a la calle
Porque a cierta edad es obtuso hacer víctimas.
Me contaste que hay algo que llama luz
Imposible de explicar con las manos.
Me contaste que los árboles no son los principales enemigos
Y que no debería nada de lo que hablan desde el otro lado de las rejas..
LO QUE ME DIJO UN LOCO
Me contaste que tu padre era un pequeño mar.
Que los ángeles son unos estupidillos
Pero por las noches hacen mucho daño con sus uñas de cola de cometa.
Me contaste que en tu casa la lluvia naufraga
Y tus hermanas castran furiosas los almendros.
Me contaste que los sedientos son la gran esperanza.
Que silbar en los parques es confesarse impotente
De recuperar el vino de las palabras que uno doce de niño.
Me contaste que la mujer gorda te era desconocida
Y que por eso odiabas los gestos de su espalda.
Me contaste que era mejor no salir a la calle
Porque a cierta edad es obtuso hacer víctimas.
Me contaste que hay algo que llama luz
Imposible de explicar con las manos.
Me contaste que los árboles no son los principales enemigos
Y que no debería nada de lo que hablan desde el otro lado de las rejas..
domingo, 27 de abril de 2014
Uma poesia de Vasco Graça Moura:
princípio do prazerà sua volta os pombos cor de lava
nos arabescos pretos do basalto
e gente, muita gente que passava
e se detinha a olhá-la em sobressalto
no seu olhar havia uma promessa
nos seus quadris dançava um desafio
num relance de barco mas sem pressa
que fosse ao sol-poente pelo rio
trazia nos cabelos um perfume
a derramar-se em praias de alabastro
e um brilho mais sombrio quase lume
de fogo-fátuo a coroar um mastro
seu porte altivo punha à vista o puro
princípio do prazer que caminhava
carnal e nobre e lúcido e seguro
com qualquer coisa de uma orquídea brava
e nas ruas da baixa pombalina
sua blusa encarnada era a bandeira
e o grito da revolta na retina
de quem fosse atrás dela a vida inteira.
princípio do prazerà sua volta os pombos cor de lava
nos arabescos pretos do basalto
e gente, muita gente que passava
e se detinha a olhá-la em sobressalto
no seu olhar havia uma promessa
nos seus quadris dançava um desafio
num relance de barco mas sem pressa
que fosse ao sol-poente pelo rio
trazia nos cabelos um perfume
a derramar-se em praias de alabastro
e um brilho mais sombrio quase lume
de fogo-fátuo a coroar um mastro
seu porte altivo punha à vista o puro
princípio do prazer que caminhava
carnal e nobre e lúcido e seguro
com qualquer coisa de uma orquídea brava
e nas ruas da baixa pombalina
sua blusa encarnada era a bandeira
e o grito da revolta na retina
de quem fosse atrás dela a vida inteira.
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