domingo, 14 de abril de 2013

Reponho uma poesia do poemário Que de dentro não se vê:


Tristeza do silêncio da rosa

 A melancolia das tardes calmas
e outonais, em que gostamos
de ver cair, as folhas das árvores
no Outono, essa latitude em nós oblíqua,
que ignoto sábio, tristemente
descobriu, numa tarde calma e bucólica
quando o Outono era apenas Outono
e deixava cair suas folhas, amarelecidas
e pálidas da espera de caírem
esperando regressar na Primavera
esse chumbo róseo, primordial matéria
vegetalmente grave na própria Primavera
que não sabe que o Verão, esse obscuro
e terminal ser, teatralmente, já encenou
toda a geografia; ruborizando faces austeras
de sábios, que de tão ocultamente sábios,
não ousavam o sonho da rosa que era dada
no Espírito, e que pelo Espírito
regressava ao ouro que dela era.

António Eduardo Lico

8 comentários:

  1. profundo,algo místico e com uma certa nostalgia.

    beijo

    :)

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    1. Obrigado Piedade. É verdade é algo que é iniciático e místico.
      Bom Domingo.
      Beijos.

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  2. Eu gosto do Outono e eu gosto de seu belo poema.

    Um abraço

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  3. Que belas ficam as quatro estações na sua pena de poeta, António!
    Aí é Outono, por aqui é Primavera... Diferentes latitudes e ciclos, mas a mesma maravilha insondável que é a natureza!
    Um beijinho

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  4. Hola, António:

    Tu poema es como un canto a los regalos que Dios nos brinda cada día.

    Un abrazo.

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