terça-feira, 9 de abril de 2013

Reponho uma poesia do poemário Que de dentro não se vê:


Orquídea

Bela, a orquídea no orquidário.
Não sabe que é bela
e é feliz assim,
bela, sem saber que é bela
feliz sem saber que é feliz.
É bela a orquídea no orquidário
sem saber que está no orquidário.

As orquídeas que não estão no orquidário
não são belas. Não estão no orquidário,
não sabem que não estão no orquidário
e não são belas, nem sabem que não são belas.
E brincam de se colorirem de cores, indiferentes.
E brincam de se vestir com perfume, indiferentes.
E brincam de não saberem, nunca sabem,
que não estão no orquidário.
E brincam de serem belas, sem saber que não são belas
as orquídeas que não estão no orquidário.

As orquídeas foram criadas para os orquidários.
As outras orquídeas, as que não conhecem o orquidário
não são orquídeas, são apenas flores.

António Eduardo Lico

8 comentários:

  1. Ah! Antonio, tivéssemos nós a inocência de todas as flores...Um beijo!

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    1. Obrigado Shirley, pela visita e comentário.
      Uma boa Terça.
      Beijos.

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  2. acho que este poema se aplica a outras "flores"
    muito belo.
    um beijo
    :)

    PS:gostava de o contactar por mail, para lhe fazer um pedido, mas não tenho o seu endereço electronico.

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  3. Gostei muito desta ode à irracionalidade da vida das plantas, ao seu imanentismo e suave insconsciência...
    Um beijinho

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    1. Obrigado Lou.
      É verdade, ode merecida à suave e delicada inconsciência das flores.
      Beijos.

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