sábado, 28 de setembro de 2013

Uma redondilha de Camões:

MOTE

Descalça vai pera a fonte
Lianor, pela verdura;
vai fermosa e não segura.

VOLTA

Leva na cabeça o pote,
o testo nas mãos de prata,
cinta de fina escarlata,
sainho de chamalote;
traz a vasquinha de cote,
mais branca que a neve pura;
vai fermosa e não segura.

Descobre a touca a garganta,
cabelos d' ouro o trançado,
fita de cor d' encarnado...
Tão linda que o mundo espanta!
Chove nela graça tanta
que dá graça à fermosura;
vai fermosa, e não segura.

6 comentários:

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    1. Gracias.
      Es el merito de Camóes que con su ingenio transmuta las palabras.
      Beso.

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  2. Muita vida e graça! o Poeta e o seu talento cria do cotidiano uma obra prima.
    Um abraço

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    1. É bem verdade minha amiga, e Camões soube fazê-lo como ninguém.
      Abraço.

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  3. As inesquecíveis redondilhas de Camões, impregnadas do lirismo do próprio da época; é sempre bom lembrar.
    Grande abraço, António,

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    1. Sim, foi essa a ideia caro José Carlos, relembrar, e a começar por mim.
      Abraço.

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