quinta-feira, 10 de abril de 2014

Reponho uma poesia do poemário Amanhecer obscuro:

(A rosa de Hiroxima

..mas oh não se esqueçam
Da rosa da rosa
Da rosa de Hiroxima
A rosa hereditária
A rosa radioativa

Vinicius de Moraes)


Caía do céu, calmamente, segura num paraquedas,
para se fazer rosa mais abaixo.
Ilha de Hondo, delta do rio Ota, Hiroshima!
Sem que o soubesse, Hiroxima, iria render-se
a uma metálica flor que descia do céu
e o seu nome ficaria para sempre escrito
a fogo em todas as flores.
Ai rosa de Hiroxima, rosa de ferro,
rosa sem perfume e sem pétalas,
só nascida em Hiroxima,
como se esperasses por um jardim
em que a chuva é de ruína
e te faz nascer cinzas em vez de pétalas.

António Eduardo Lico

6 comentários:

  1. Oi, Lico, ..."a anti-rosa atômica"...terrível eque nunca deverá ser esquecida!
    Um abraço

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  2. No meio das perdas provocada pela bomba sobressai-se a linguagem do teu poema atravessando o silêncio e renovando a esperança de que tais coisas não se repitam. Um belo poema!
    Abraços, caro amigo,

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  3. E esperemos que nunca mais aconteça.
    Abraço caro Amigo.

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  4. Respostas
    1. Pois acenteceu Piedade. Esperemos que não aconteça de novo.
      Bom fim de semana.
      Beijos.

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