quarta-feira, 28 de março de 2012

Três poemas mais de A rosa é a via:





Como se...


Como se de Homero e Píndaro
viesse o perfume primordial,
a rosa esplendorosa, retorna
juvenil, pétala a pétala
e derrama o seu inesgotável vinho
simulando a sua morte sempre que abre


Em Agosto não devia haver rosas...
(homenagem a Federico Garcia Lorca
assassinado pelos franquistas em Agosto)

Agosto tem a lua toda
a desenhar de prata arabescos
ao acaso nas noites quentes
na sua morada fria e zodiacal

que desenhos fazes quando
vagueias pelos céus da Andalucia?
Ou procuras da seguidilla a melodia
e o silêncio que a apaga e faz renascer

como se cada corda da guitarra
tivesse todo o luar e todo o Agosto.
Agosto tem a lua toda
e não devia ter rosas

a perfumar o orvalho, esse ignorado mar
em que navegas em Agosto.


Como se fora perfume

Como se fora um jardim
que apenas tivesse uma rosa,
uma só rosa.
O teu sorriso desvanece-se no ar
Como se fora perfume.


António Eduardo Lico


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