domingo, 1 de abril de 2012

Após uma viagem com escala em Madrid, estou em Lisboa para uns dias de férias.
Dia para a poesia de António Gedeão.
De seu nome, Rómulo Vasco da Gama de Carvalho, na poesia é António Gedeão.
Estudou Físico-Químicas, e depois Ciências Pedagógicas. Com uma vida intensamente dedicada ao ensino, que vive com verdadeira paixão, a escrita continuava a ser uma das suas paixões. Só em 1956 publica o seu primeiro livro de poesia, e sob o nome de António Gedeão.
Autor de uma poesia intensamente musical e plena de harmonia, Gedeão é um dos poetas com mais poesias musicadas.
Fica este poema:



Lágrima de preta

Encontrei uma preta
que estava a chorar,
pedi-lhe uma lágrima
para a analisar.

Recolhi a lágrima
com todo o cuidado
num tubo de ensaio
bem esterilizado.

Olhei-a de um lado,
do outro e de frente:
tinha um ar de gota
muito transparente.

Mandei vir os ácidos,
as bases e os sais,
as drogas usadas
em casos que tais.

Ensaiei a frio,
experimentei ao lume,
de todas as vezes
deu-me o que é costume:

nem sinais de negro,
nem vestígios de ódio.
Água (quase tudo)
e cloreto de sódio.

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