Soneto da manhã obscura
Procuro da manhã o doce orvalho
Com que possa matar a minha sede
Que da infinita noite procede
Como secreto porto onde encalho
Oh gnóstica manhã onde eu talho
O que a minha boca não me pede
E nem o deus antigo intercede
E faz macio o chão em que batalho
Oh noite portentosa e magnífica
Ardes e consomes-te como sonho
Que cada manhã em vão certifica
No meu canto agudo e medonho
Que de ser vão mas claro, dulcifica
O fresco orvalho que me imponho
António Eduardo Lico
Sem comentários:
Enviar um comentário