segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Almeida garret é o poeta de hoje.
João Baptista da Silva Leitão de Almeida Garrett nasceu no Porto em 1799 e faleceu em Lisboa em 1854.
Poeta, dramaturgo, político, Almeida Garret é um dos vultos do Romantismo português. Grande implusionador do teatro em Portugal, prop~os a construção do Teatro Nacional D. Maria II e a criação do Conservatório de Arte Dramática. Aderenta da Causa Liberal, participou do desembarque do Mindelo e no Cerco do Porto em 1832 e 1833.
Fica este poema:

Perfume da Rosa

Quem bebe, rosa, o perfume
Que de teu seio respira?
Um anjo, um silfo? ou que nume
Com esse aroma delira?

Qual é o deus que, namorado,
De seu trono te ajoelha,
E esse néctar encantado
Bebe oculto, humilde abelha?

- Ninguém? - Mentiste: essa frente
Em languidez inclinada,
Quem ta pôs assim pendente?
Dize, rosa namorada.

E a cor de púrpura viva
Como assim te desmaiou?
e essa palidez lasciva
Nas folhas quem ta pintou?

Os espinhos que tão duros
Tinhas na rama lustrosa,
Com que magos esconjuros
Tos desarmam, ó rosa?

E porquê, na hástea sentida
Tremes tanto ao pôr do sol?
Porque escutas tão rendida
O canto do rouxinol?

Que eu não ouvi um suspiro
Sussurrar-te na folhagem?
Nas águas desse retiro
Não espreitei a tua imagem?

Não a vi aflita, ansiada...
- Era de prazer ou dor? -
Mentiste, rosa, és amada,
E também tu amas, flor.

Mas ai! se não for um nume
O que em teu seio delira,
Há-de matá-lo o perfume
Que nesse aroma respira.

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