Soneto sem Musa
Eram claros esses teus olhos cheios
De onde manam luzes como fontes
Como alegria vinda dos montes
Que forma frescos e mansos ribeiros
Dos meus olhos sempre foram alheios
De presos em distantes horizontes,
Juízes não eleitos, mas arcontes.
Como rosas brincando de luzeiros
Musa não eras, mesmo que te cante
E os teus olhos tinham doces rosas
Como se a luz fora diamante
Rosas tinham, eu sei, mas angulosas.
Claras, e de perfume tão distante,
Frescas fontes, águas tão amargosas.
António Eduardo Lico
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