sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Reponho uma poesia do poemário O canto em mim:

Um Olhar Sobre a Chuva

Com olhar inexistente
olho a chuva que cai no chão
para além da vidraça

A chuva cai sempre com graça.
Vê-la através de uma janela
líquida e insubstancial

 a chuva, substância imaterial
que está para além do olhar
e para além de todas as janelas.

Redondas, as gotas, são elas
que tecem a estranha harmonia
da música que tocas ao beijar o chão

para aquém da vidraça, em vão
tento adivinhar-te caindo
com olhar inexistente

António Eduardo Lico

2 comentários:

  1. A chuva a permitir este voo lírico abolindo as fronteiras do tempo entremeado de um pouquinho de metafísica. Um belo poema.
    Abraços,

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    1. A chuva, real ou imaginária, continuará a estimular tentativas poéticas, como a que fiz com esta poesia.
      Bom início de fim de semana, meu caro José Carlos,
      Abraços

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