sexta-feira, 11 de maio de 2012

O poeta de hoje é Iannos Ritsos.
Iannos Ritsos nasceu na Grécia a 1 de Maio de 1909. Aderiu ao Partido Comunista Grego, em 1931. Publicou Tractor, em 1934, inspirado no futurismo de Maiakovski. Devido às suas ideias políticas, algumas das suas obras foram queimadas em público. Foi preso e esteve em vários campos de concentração, durante a ocupação nazi-fascista, contra a qual lutou, não de armas na mão, porque a sua saúde não o permitia mas na organização administrativa da Grécia libertada. Acabada a guerra, o exécito de libertação da Grécia, ELAS, desarmou-se voluntariamente e os seus membros, que tinham lutado heroicamente contra os alemães e italianos, continuaram a ser perseguidos com igual ferocidade pelos novos ocupantes , os ingleses, e seus cúmplices gregos. O número de vítimas entres os resistentes não foi menor do que tinham sofrido contra os nazis. As prisões tornaram-se a encher de patriotas gregos. A repressão não diminuiu quando a Inglaterra transferiu as suas responsabilidades para os Estados-Unidos. Iannos Ritsos esteve num deses campos de 1951 a 1957, quando saiu em liberdade vigiada.Em 1967, nas véperas de eleições finalmente livres e na previsão de uma estrondosa derrota da direita, dá-se o “golpe dos coronéis”. Ritsos é novamente preso e deportado para a ilha de Garos, a ilha do Diabo. Um movimento internacional, encabeçado por Aragon, consegue a libertação do poeta. Morre em Novembro de 1990. No entanto, a sua produção poética é imparável, com dezenas de títulos. Em 1956,num momento de pequena apertura política e contra fortes pressões do poder, é-lhe atribuído o prémio nacional de poesia pelo livro Sonata ao Luar. Conjuntamente com Giorgios Seferis, Odyssues Elytis e Konstandinos Kavafis, é considerado um dos mais importantes poetas do século.
Deixo esta poesia, com tradução de Custódio Magueijo:


Os modelos

Não esqueçamos nunca — disse — as boas lições, aquelas
da arte dos Gregos. Sempre o celeste lado a lado
com o quotidiano. Ao lado do homem, o animal e a coisa —
uma pulseira no braço da deusa nua; uma flor
caída no chão. Recordai as formosas representações
nos nossos vasos de barro — os deuses com os pássaros e
com outros animais, e juntamente a lira, um martelo, uma maçã, a arca, as
[tenazes;
ah!, e aquele poema em que o deus, ao terminar o trabalho, retira o fole de junto do fogo, recolhe uma a uma as ferramentas
dentro da arca de prata; depois, com uma esponja, limpa o rosto, as mãos, o pescoço nervudo, o peito peludo.
Assim, limpo, bem arranjado, sai à tardinha, apoiado nos ombros de efebos todos de oiro — trabalhos de suas
[mãos
que têm força, e pensamento, e voz; — sai para a rua,
mais magnífico que todos, o deus coxo, o deus operário.



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