quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Quando se fala de Brecht, normalmente vêm à ideia os notáveis contributos que ele deu para o teatro moderno. E em todos os níveis - desde a dramaturgia à encenação. São memoráveis as suas peças, onde a condição humana é retratada desde o seu lado negro até ao seu esplendor mais luminoso.
Menos é lembrado pela sua condição de grande poeta, que o foi.
Eugen Berthold Friedrich Brecht nascido em 1898 em Ausgsburg e falecido em 1956 em Berlim, adere às ideais marxistas nos anos 20. As suas primeiras poesias, por vezes de acentuado pendor nilista, valeram-lhe fama e reconhecimento na Alemanha.
Teve ocasião de ver a Revolução na Alemanha ser violentamente reprimida e os seus líderes barbaramente assassinados. Assistiu à ascensão de Hitler ao poder e escolheu o caminho do exílio.
Regressou no final da 2ª Guerra a uma Alemanha que já não era a mesma. Fixou-se na Alemanha Oriental e pode dar corpo às suas ideias para o Teatro com a Companhia teatral Berliner Ensemble.
Irei colocando neste espaço algumas poesias de Brecht.


Ah! Desgraçados!

Um irmão é maltratado e vocês olham para o outro lado?
Grita de dor o ferido e vocês ficam calados?
A violência faz a ronda e escolhe a vítima,
e vocês dizem: "a mim poupou-me, vamos fingir que não estamos olhando".
Mas que cidade?
Que espécie de gente é essa?
Quando campeia numa uma cidade a injustiça,
é necessário que alguém se levante.
Não havendo quem se levante,
é preferível que  num grande incêndio,
toda a cidade desapareça,
antes que a noite desça.

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