sábado, 15 de dezembro de 2012

Uma poesia de Eugénio de Andrade:

Labirinto ou Alguns Lugares de Amor

O outono
por assim dizer
              pois era verão
forrado de agulhas

a cal
rumorosa
do sol dos cardos

sem outras mãos que lentas barcas
vai-se aproximando a água

a nudez do vidro
a luz
a prumo dos mastros

os prados matinais
os pés
verdes quase

o brilho
das magnólias
apertado nos dentes

uma espécie de tumulto
as unhas
tão fatigadas dos dedos

o bosque abre-se beijo a beijo
                              e é branco

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