sábado, 29 de dezembro de 2012

Reponho uma poesia do poemário Este rio que corre sem águas:


Para aprender a matar deuses...
  
As impetuosas palavras
que se desenham
para matar deuses
que renascem a cada morte!

Podiam não renascer
e ficar na sombra ténue
dos muitos paraísos que existem,
inertes e de barba por fazer

Renascem porque
as teologias assim o querem;
para serem teologias

Convenientes para todos,
já mortas quando nascem
mas que dão nascimento

Aos deuses que queremos
matar, ás dezenas, milhares
como se rejeitássemos
as nossas criações

Só fica o poema
ou as palavras
com que criamos os deuses
que a seguir matamos

António Eduardo Lico

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