domingo, 30 de dezembro de 2012

Reponho uma poesia do poemário este rio que corre sem águas:


Junto de um rio...o obituário das palavras...

Quem ousa calar os deuses
colocando-lhe na boca
palavras que não sabem?
Nadando rente à margem
o peixe, nem sabe
que existem palavras líquidas
que secam lábios
quando os percorrem.
Peixes e deuses
ignoram palavras;
mudos e perdidos
em líquidas moradas
vivem sós, sem esperar
uma só e desoladora
palavra.

António Eduardo Lico

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