Secreta dorme no seu
casulo...
Secreta, dorme no seu
casulo
um sono suspenso, a
crisálida.
Se Darwin te visse!
Se um criacionista, ou
mesmo dois,
pudessem penetrar o teu
sono!
Até um adepto de
Lamarck
poderia investigar o
teu caso!
Não queria falar em
Lamarck...
Já sei que me vão
falar em Lysenko.
Trofim Lysenko para ser
quase exacto.
Tinha mais um nome, mas
não vou usá-lo.
Quero apenas ser quase
exacto.
A exactidão
aprende-se, não está na genética.
É isso, Lysenko não
queria a genética;
e detestou Mendel;
Mendel apreciava ervilhas,
era austríaco, e sem o
saber originou a genética:
é o que muitos
afirmam; Mendel, nunca soube
que tinha fundado
alguma coisa.
Os que dizem que fundou
alguma coisa,
sem o saberem, ou os
que depois
inventaram o termo
GENÉTICA,
talvez apenas gostem de
ervilhas!
Lysenko...não se sabe
o que originou!
Pelo menos não o sabem
os que o criticam
e apenas dizem que o
malvado Lysenko
não queria a genética.
Lysenko não queria
Mendel e não queria
ervilhas, nem flores de
ervilhas
Indiferente aos meus
versos,
aos que trucidam
Lysenko em manuais
que apenas são
conhecidos no corredor
do Departamento dos
autores,
a crisálida dorme sem
saber que dorme;
dorme um sono frio e
distante.
Dorme e não sonha, nem
sabe
que dorme para acordar
para a luz.
António Eduardo Lico
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