quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Reponho uma poesia do poemário Que de dentro não se vê:


Litania (levemente melancólica)

O tempo desfaz-se e corre,
como areia no verde dos meus dedos.
Regressa sempre, verde, como
os meus olhos, que são castanhos
e nunca serão verdes.
O tempo nunca é verde
quando passa nos meus olhos
que não são verdes.
Verde é a palavra, as palavras
que digo, quando escrevo
e olho com os meus olhos
o verde insondável
dos meus olhos que não são verdes.

António Eduardo Lico

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