quinta-feira, 6 de junho de 2013

Uma poesia de Nuno Júdice,, recente vencedor do Prémio Reina Sofia:

A Origem do Mundo

De manhã, apanho as ervas do quintal. A terra,
ainda fresca, sai com as raízes; e mistura-se com
a névoa da madrugada. O mundo, então,
fica ao contrário: o céu, que não vejo, está
por baixo da terra; e as raízes sobem
numa direcção invisível. De dentro
de casa, porém, um cheiro a café chama
por mim: como se alguém me dissesse
que é preciso acordar, uma segunda vez,
para que as raízes cresçam por dentro da
terra e a névoa, dissipando-se, deixe ver o azul.

4 comentários:

  1. Uma realidade maravilhosa que vive em toda parte no mundo visível e invisível.Muito bonito.
    Um abraço

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  2. O Nuno Júdice só enriquece a literatura portuguesa, meu caro Antonio.
    Abr.,

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    1. Sem dúvida Caro José Carlos. Um justo prémio a muitos anos de labor poético.
      Abraço.

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