quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Hoje o capricho do acaso apontou para Eugénio de Andrade.
Eugénio de Andrade, nome literário de José Fontinhas Rato, nasceu em 1923 na Freguesia da Póvoa da Atalaia - Fundão. Faleceu no Porto em 2005.
Depressa alcançou a consagração com As Mãos e os Frutos publicado em 1948, acolhido calorosamente por nomes como Jorge de Sena, Eduardo Lourenço, Vitorino Nemésio.
A poesia de Eugénio de Andrade, fica como uma das mais intensas e belas da poesia portuguesa moderna.
Deixo precisamente de As Mãos e os Frutos uma das mais conhecidas e uma das mais belas poesias - To a Green God:


To a Green God



Trazia consigo a graça
das fontes, quando anoitece.
Era o corpo como um rio
em sereno desafio
com as margens, quando desce.


Andava como quem passa,
sem ter tempo de parar.
ervas nasciam dos passos,
cresciam troncos dos braços
quando os erguia no ar.


Sorria como quem dança.
E desfolhava ao dançar
o corpo, que lhe tremia
num ritmo que ele sabia
que os deuses devem usar.


E seguia o seu caminho,
porque era um deus que passava.
Alheio a tudo o que via,
enleado na melodia
de uma flauta que tocava.

2 comentários:

  1. O Eugénio de Andrade nem sempre tem tido o reconhecimento que merece! ainda bem que te lembraste desta poesia!!

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    1. Esta é uma das melhores poesias que conheço em Língua Portuguesa. É bem tipificadora da poesia eugeniana.

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