quarta-feira, 11 de julho de 2012

O poeta de hoje é Cabral do Nascimento.
Nascido em 1897 no Funchal, Ilha da Madeira e falecido em 1978, Cabral do Nascimento foi poeta, tradutor, professor, conservador das bibliotecas e arquivos nacionais.
A sua poesia foi revelada por Fernando Pessoa que o considerou um poeta digno de Orpheu.
A poesia de Cabral do Nascimento situa-se entre o Saudosismo e o Modernismo.
Fica este poema:



O faroleiro



Apenas este ilhéu é que é pequeno

O resto é tudo grande: o tédio, a vida,

O dia enorme, a noite mais comprida,

E o mar, calmo ou feroz, rude ou sereno;



O tempo, esse narcótico veneno,

A dor, essa letárgica bebida,

O desejo, essa voz enrouquecida,

E a saudade, o distante e branco aceno.



Tudo profundo, imenso, na amplidão,

Eterno quási na desolação

E sobrenatural na solidão.



A luz vermelha a reflectir-se além…

Nenhum vapor que vai, nenhum que vem…

Farol e faroleiro – e mais ninguém.

2 comentários:

  1. carambola, isto que é poética... gostei de saber dele... bjuuu

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  2. Hoje lembrei-me deste poeta, que tinha lido há muito tempo, ainda na minha adolescẽncia. De facto um grande poeta, aliás saudado por Fernando Pessoa.

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