terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

O acaso encontra-se hoje com António Ramos Rosa. Nascido em 1924 em Faro, é uma das grandes vozes da poesia contemporânea, e falo a nível planetário.
O rigor da sua poesia, a busca interminável da palavra certa, do verso que uma poesia requer.
Agraciada com diversos Prémios, a singular e vasta obra poética de António Ramos Rosa cintila na constelação da Poesia actual.
Deixo uma poesia da seu livro Poemas Nus (1953-1958)

ESTOU COMO SE NÃO HOUVESSE MAIS PARA DIZER


Estou como se não houvesse mais para dizer que uma
                                                                        [palavra
uma interminável palavra
no interminável silêncio

Estou como um cavalo esquelético à beira dum horizonte
perdidos todos os caminhos

Estou no entanto familiar
e rodeado de presenças

Escavo no chão absurdo
e uma pedra dá-me confiança

Na solidão da terra encontro
como o vestígio dum segredo

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