Uma poesia de António Franco Alexandre:
Fico interdito, não sei
de que lado me hei-de pôr,
que sabonete se usa
em que mão, se é bem preciso
lavar sempre as almofadas,
se se permitem as rimas,
onde fica o alçapão.
Já faltei à minha jura,
fumei cinza, comi vento,
abri fendas na janela,
pendurei-me no jardim;
só subindo aos ramos altos
é que enfim adormeci;
sonhei que estava dormindo
numa folha de papel
amarela, de cetim.
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