segunda-feira, 1 de julho de 2013

Amanhecer obscuro

Reponho uma poesia do poemário Amanhecer obscuro:


Pior que roubar um banco é fundar um banco

Bertold Brecht

Poema concreto


Escrevo poemas que quisera
efémeros, como o vento
que beija as flores
e levanta ondas ao mar
para logo se desfazerem na areia da praia,
como se o mar todo se acabasse naquele momento.

O vento quando beija as flores
não é como um cheque, ou uma letra:
quando se acabam, os bancos emitem mais.
Mesmo que se lhes acabe o dinheiro,
emitem mais. Porque eu não posso
emitir o meu dinheiro quando se me acaba?
Quando se me acabam as flores, procuro por mais.
O vento quando beija as flores, beija-as
como se nunca acabasse, e se acabasse
o saldo não seria negativo.

Até o Olimpo e os belos deuses gregos
se acabaram; ninguém se importou
em emitir mais; depois vieram profetas
que emitiram deuses e paraísos diferentes

Os bancos e os banqueiros
emitem dinheiro como se
emitissem paraísos e divindades.
Houvera quem os roubasse
como o vento rouba das flores
os perfumes.

António Eduardo Lico

10 comentários:

  1. Gracias amigo por estar siempre, un beso grande.

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  2. Se não os emitem literalmente, sabem multiplicar como poucos. Este é mais que concreto...
    Abraço, caro António,

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    1. Sem dúvida meu Caro José Carlos. Eles, bancos e banqueiros sabem como multiplicar à nossa custa.
      Abraço.

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  3. Nada entendo de bancos e de banqueiros mas entendo de flores e de pássaros e respeito o mar e o vento.Fico com os poetas e seus versos.
    Um abraço

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  4. é... pra eles a maior facilidade... te achei de novo poeta na página do luief é que o google iguala tudo... bju de linda semana

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    1. Sem dúvida Luna, para eles é de uma facilidade espantosa.
      Beijos e boa semana.

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