sábado, 27 de julho de 2013

Ontem coloquei uma poesia de D. Dinis. Hoje coloco uma poesia do seu avô, Afonso X O Sábio, que para além das famosas Cantigas de Santa Maria, cultivou sobretudo as canções satíricas, chegando até nós 44 dessas canções. Afonso X assume grande importância no contexto da poesia de matriz Galaico-Portuguesa porque, apesar de ser rei de Castela e Leão, elegeu o galaico-português para escrever as suas poesias:

Achei Sancha Anes encavalgada

Achei Sancha Anes encavalgada,
e dix'eu por ela cousa guisada,
ca nunca vi dona peior talhada,
e quige jurar que era mostea;
e vi-a cavalgar per ũa aldeia
e quige jurar que era mostea.

Vi-a cavalgar con un seu'scudeiro,
e non ía milhor un cavaleiro.
Santiguei-m'e disse: «Gran foi o palheiro
onde carregaron tan gran mostea»;
vi-a cavalgar per ũa aldeia
e quige jurar que era mostea.

Vi-a cavalgar indo pela rúa,
mui ben vistida en cima da múa;
e dix'eu: «Ai, velha fududancúa,
que me semelhades ora mostea!»
Vi-a cavalgar per ũa aldeia
e quige jurar que era mostea.

2 comentários:

  1. Ontem estive aqui me deliciando com os versos do neto, hoje com os versos do avô. Essa matriz é de uma riqueza ímpar para a época. É nela que muitos dos nossos compositores ainda matam a sede.
    Um final de semana, caro amigo,

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    1. Sim, concordo plenamente. Na época só a Lírica Proveção podia rivalizar com a lírica galaico-portuguesa.
      É verdade, ainda matam a sede.
      Abraço.

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