sábado, 13 de outubro de 2012

Reponho uma poesia do poemário Sombras luminosas:


Bucólica

 Nas Éclogas falamos de pastores.
Nas poesias que não são Éclogas
não falamos de pastores.
Os pastores das Éclogas são breves;
tão fugazes como uma poesia que se escreve
e se torna inútil, porque já foi escrita.
Lá fora a chuva cai oblíqua às horas
e transforma o silêncio em música líquida.
Numa qualquer personagem de mim mesmo,
passam na memória vagos pastores.
Afasto as horas e os relógios
e sou apenas este instante.

António Eduardo Lico

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