domingo, 28 de outubro de 2012

Um soneto de Camões:

Mudam-se os Tempos, Mudam-se as Vontades

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança:
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.

Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança:
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem (se algum houve) as saudades.

O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já coberto foi de neve fria,
E em mim converte em choro o doce canto.

E afora este mudar-se cada dia,
Outra mudança faz de mor espanto,
Que não se muda já como soía.

2 comentários:

  1. Lindo soneto de Camões.
    Gostaria que um meu fosse colocado nesse site, pode ser?
    Este, por exemplo:

    A PARTIDA

    Francisco Miguel de Moura*

    Na partida, os adeuses, gume e corte
    dos prazeres do amor, quanto tormento!
    Cada qual que demonstre quanto é forte,
    lábios secos mordendo o sentimento.

    Do ser brotam soluços a toda hora,
    as faces no calor do perdimento,
    olhos no chão, no ar, por dentro e fora,
    pedem forças aos céus como alimento.

    Ninguém vai, ninguém fica, e se reparte
    no transporte que liga e que desliga!
    Confusão de saber quem fica ou parte.

    Não se explica tamanha intensidade
    amarga, e doce, e errante, que interliga
    os corações perdidos de saudade.

    ____________
    *Francisco Miguel de Moura é um poeta nascido no Piauí, como todos os que nascem nesta terra de Palmeiras, Ilha de Vera Cruz, Terra de Santa Cruz, Pindorama, Brasil.

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    1. Caro Francisco Miguel, terei todo o prazer de colo9car o seu soneto no meu blog. Na postagem de amanhã será colocado.
      Bom fim de semana.

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