domingo, 28 de julho de 2013

Este rio que corre sem águas

Reponho uma poesia do poemário Este rio que corre sem águas:

Deuses num quarto escuro

Um quarto, as roupas da cama
tangentes ao sonho e deuses
antigos e modernos que se fazem
a si mesmos como sombras
chinesas, aladas, na sua
vertigem de divindade.
Moscas picam-nos em vão,
Indiferentes, os deuses,
antigos e modernos
buscam apenas ser sombras
na sombra das paredes

de um quarto escuro.

António Eduardo Lico

4 comentários:

  1. Somente podemos cogitar de suas existências...
    Um abraço

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  2. Sem tê-los como sabê-los? O melhor é não tê-los em nossa pele. Ou que sejam apenas sombras. A linguagem no poema está muito bem depurada. Um belo poema.
    Abraços, caro amigo,

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