Uma poesia de Manuel Alegre:
Aicha Conticha
A armada deixa Arzila. Sobre as naus
Brilham uma última vez as armas portuguesas
Quando os moiros chegarem verão apenas
Uma mulher de negro pelas ruas
Não resta mais de Portugal, só este luto
Na cidade deserta e abandonada.
Talvez um amor antigo ou um morto querido
Talvez a luz, o branco, o sul,
Talvez o puro prazer de olhar.
Outros amaram Arzila mas não tanto
Que tivessem de ficar só por amor.
Ela só quiz Arzila por Arzila.
Os moiros lhe chamarão Aicha Conticha
E enquanto a armada se despede lentamente
Ela só é senhora da cidade.
De negro está vestida
Ela só na cidade abandonada
E nunca mais Arzila será perdida
E nunca mais Arzila será tomada.
Muito bom, Lico
ResponderEliminarAbraço, do Felipe.
Sem dúvida Felipe. Uma bela poesia do Manuel Alegre.
EliminarAbraço.