Nascido em Lisboa em 1907 e falecido em Paris em 1949, Carlos Queirós é o poeta de hoje.
Figura do segundo modernismo português, é ele quem faz a ponte com o primeiro modernismo português, e sobretudo quem estabelece a ligação entre Fernando Pessoa e a revista Presença, na qual vários textos de Pessoa foram publicados.
A colaboração de Carlos Queirós na Presença é assídua e dura até 1937.
Carlos Queirós era sobrinho de Ofélia Queirós, a eventual namorada de Fernando Pessoa, e publicou as cartas de Pessoa a Ofélia na Presença.
Fica este poema:
NA CIDADE NASCI
Na cidade, quem olha para o céu?
É preciso que passe o avião...
Quem me dera o silêncio, a solidão,
Onde pudesse, alguma vez, ser eu!
Na cidade nasci; nela nasceu
A minha dispersiva inquietação;
E o meu tumultuoso coração
Tem o pulsar caótico do seu.
A! Quem me dera, em vez de gasolina,
O cheiro da terra húmida, a resina,
A flores do campo, a leite, a maresia!
Em vez da fria luz que me alumia,
O luar sobre o mar, em tremulina...
– Divina mão compondo uma poesia.
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