segunda-feira, 12 de maio de 2014

Reponho uma poesia do poemário Sombras luminosas:

Lamento para os deuses desaparecidos

 No tempo em que os deuses eram feitos de nada
e os homens eram feitos de tudo
os deuses eram felizes, e eram livres.
E eram muitos, nasciam do nada, e eram tudo.
Agora que desapareceram, devem estar nostálgicos
de divina nostalgia.

Não sei se os deuses, mesmo os desaparecidos,
sentem nostalgia; afinal já não existem.
Mais certo é os deuses que ainda existem
sofrerem de nostalgia, ainda que ferindo
os seus divinos atributos e potestades.

Não, não venho armado de intenções teológicas
ou sequer de nostalgia.
Os deuses antigos eram mais deuses
porque já não existem.

António Eduardo Lico

6 comentários:

  1. Ese final, bueno y certero...

    Me ha gustado tu poesía

    Beso.

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  2. Os deuses para sempre insepultos. Que bela metáfora! A riqueza da poesia está na simplicidade da representação. E o fazes muito bem!
    Grande abraço, caro amigo,

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    1. Obrigado caro José Carlos..
      Muitas vezes a poesia é como instrumentos musicais - quanto mais simples melhor soam.
      Abraço caro amigo.

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  3. Respostas
    1. Hummmm. Claro que existiram. As divindades são fáceis de fazer, e difíceis de fazer desaparecer.
      Beijos.

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