segunda-feira, 5 de maio de 2014

Reponho uma poesia do poemário Amanhecer obscuro:

Um Abril de Abril

 Em Abril, flores mil
Para explodirem
Com o orvalho das madrugadas
E pintarem a tristeza
Das cores que só as flores têm.
Georges, sabes, no meu país
Há tardes de Abril
Que parecem Agosto
E em Lisboa o Tejo
Esse eterno filho de Abril
Casa o seu azul baço
Com o fulgurante azul de céu
E ao longe formam
Uma só linha azul que marca Abril.
Georges, sabes, no meu país
Há flores que nascem antes do seu tempo
Como se quisessem
Vestir Abril de perfumes
E febril alegria
E as moças morenas
Cantam os hinos secretos
De todos os perfumes de Abril.
Sabes, Georges, no meu país
Abril só começa de madrugada
Como se quisesse nascer
do orvalho e tecido pelo
perfume das flores que no meu país
nascem antes do tempo.
Sabes Georges, no meu país
Abril só pode ser Abril.

António Eduardo Lico

4 comentários:

  1. Oi, António...que lindo poema da afeto ao país e à estação da primavera.Quando aí explode a primavera , aqui começa o outono e arrefece o calor ...e o céu adquire este azul limpo que nos aproxima em cor...
    Um abraço

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    1. Obrigado minha amiga.
      É verdade aí o Outono faz-se sentir, mas também tem os seus encantos.
      Boa semana.
      Abraços.

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  2. Tão bom saber que não plantaram edifícios em Abril, que um único registro que cabe em qualquer cartório é o da explosão da primavera. Os trovões não me anunciaram, mas estive um bom pedaço de Abril à beira do Tejo.
    Abração, caro amigo,

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    1. E que melhor local para se estar em Abril - à beira do Tejo.
      Abraço caro amigo.

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