quarta-feira, 28 de maio de 2014

Uma poesia de Rainer Maria Rilke (tradução de Maria João Costa Pereira):

O Solitário

Como alguém que por mares desconhecidos viajou, 
assim sou eu entre os que nunca deixaram a sua pátria; 
os dias cheios estão sobre as suas mesas 
mas para mim a distância é puro sonho. 

Penetra profundamente no meu rosto um mundo, 
tão desabitado talvez como uma lua; 
mas eles não deixam um único pensamento só, 
e todas as suas palavras são habitadas. 

As coisas que de longe trouxe comigo 
parecem muito raras, comparadas com as suas —: 
na sua vasta pátria são feras, 
aqui sustém a respiração, por vergonha.

2 comentários:

  1. Oi, Lico...a grande viagem interior produz novidades que ninguém pressente e estão além da própria realidade.
    Um abraço

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