sexta-feira, 27 de julho de 2012

Uma reposição do poemário Amanhecer obscuro:


Cur non mitto meos tibi, Pontiliane, libellos ?
Ne mihi mittas, Pontiliane, tuos.

(Marcial, Epigr., VII, 3)

O binómio de Newton não é belo
é apenas um binómio:

é uma expressão que permite
calcular o desenvolvimento
de (a+b)n, sendo a+b um binómio
e n um número

Se ao menos n não fosse um número...
mas é! Dizem que é até um número natural

Os números podem até ser naturais
e pode ser reclamada a propriedade dos binómios;
continuarão a ser apenas expressões
de algo que não sabemos sequer se sabemos

Alexandre tinha inveja de Aquiles
que foi cantado por Homero.
Não teria inveja daquele binómio, o de Newton;
ao que sabemos, Newton não cantava

E mesmo que cantasse!
Já tinha estragado tudo
fazendo um binómio

Binómios não se fazem;
sabe-se que se podem fazer.
mas não se fazem!

Goethe preferia a injustiça à desordem
Newton preferia os binómios
o que será pior?

O binómio de Newton não é belo;
se não fosse de Newton, nem binómio
seria belo


António Eduardo Lico


4 comentários:

  1. Que interessante esse seu texto Antonio. Vou refletir sobre ele. Abraços

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    1. Obrigado Regina, pela visita e pelas suas palavras. O poema foi inspirado num verso de Fernando Pessoa.

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  2. Quase fundiu a minha cuca quase pobre de idéias...
    Um abraço e um ótimo fim de semana!

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    1. Obrigado Marisete pela visita e comentário.
      Fiz esta poesia baseado num verso de Pessoa.
      Fernando Pessoa na sua poesia dizia que o binómio de Newton era tão belo Como a Vénus de Milo. Eu resolvi fazer o contraponto.
      Um abraço e um bom fim de semana.

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