Uma poesia de Helvécio Goulart:
PALÁCIOS
Alguém tirara o mundo do bolso do colete
E ficava a mostrá-lo aos que passavam
Um corvo veio vindo e pousou em seu ombro
Na hora das pessoas se beijarem na boca
Se amarem no asfalto nos telhados nas esquinas
Nos becos nas árvores nas águas de peixes inebriados
Alguém tirara o mundo de dentro de seu bolso
De um bolso enorme onde cabiam todos
As viúvas dos assassinados
Os que morriam sempre os que sempre matavam
Também os loucos os palhaços
Da cidade do país da terra inteira
Todos verdes da grama dos palácios
Das casas senhoriais em que moram as vespas as cobras as aranhas
Os pobres elefantes dos circos de arrabalde
E era assim que tinha de ser dizia-se
Tinha de ser assim para que morresse
A última esperança para que morresse
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