quarta-feira, 24 de abril de 2013

Uma poesia da poetisa moçambicana Noémia de Sousa:

Negra

 Gentes estranhas com seus olhos cheios doutros mundos
quiseram cantar teus encantos
para elas só de mistérios profundos,
de delírios e feitiçarias...
Teus encantos profundos de Africa.
Mas não puderam.
Em seus formais e rendilhados cantos,
ausentes de emoção e sinceridade,
quedas-te longínqua, inatingível,
virgem de contactos mais fundos.
E te mascararam de esfinge de ébano, amante sensual,
jarra etrusca, exotismo tropical,
demência, atracção, crueldade,
animalidade, magia...
e não sabemos quantas outras palavras vistosas e vazias.
Em seus formais cantos rendilhados
foste tudo, negra...
menos tu.
E ainda bem.
Ainda bem que nos deixaram a nós,
do mesmo sangue, mesmos nervos, carne, alma,
sofrimento,
a glória única e sentida de te cantar
com emoção verdadeira e radical,
a glória comovida de te cantar, toda amassada,
moldada, vazada nesta sílaba imensa e luminosa: MÃE




4 comentários:

  1. Aunque el Traductor de Google no es muy fiel en la traducción, siento profundamente tus letras, intensas, de mucho sentimiento y emoción...

    Te felicito.
    ABRAZO GRANDE!.

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    1. Hola Maritza. la poetisa Noémia de Sousa ha dejado una obra muy hermosa y combativa.
      Abrazo.

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  2. MUito forte verdadeiro no sentimento que expressa...
    Um abraço

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