segunda-feira, 15 de abril de 2013

Um soneto de António Ferreira (1528-1569)


Aquele claro Sol que me mostrava
O caminho do céu mais chão, mais certo.
E com seu novo raio ao longe, e ao perto
Toda a sombra mortal me afugentava,

Deixou a prisão triste, em que cá estava,
Eu fiquei cego, e só com passo incerto,
Perdido peregrino no deserto,
A que faltou a guia que o levava.
Assim com espírito triste, o juízo escuro,
Suas santas pisadas vou buscando,
Por vales, e por campos, e por montes.
Em toda parte a vejo, e a figuro.
Ela me toma a mão, e vai guiando.
E meus olhos a seguem feitos fontes.

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