sexta-feira, 17 de maio de 2013

Uma poesia de Jorge de Sena:


Dizia uma vez Aquilino...

Dizia uma vez Aquilino que em Portugal
os filósofos se exilavam ainda em seu país
(v.g. Spinoza). O curioso porém
é que também ninguém foi santo lá:
os nascidos em Portugal foram todos sê-lo noutra parte
(St. António, S. João de Deus, etc.)
e outros santos portugueses, se o foram,
terá sido, porque, estrangeiros que eram e em Portugal
vivendo, não tiveram outro remédio
(v.g. Rainha Santa) senão ser santos,
à falta de melhor. Oh país danado.
Porque os heróis também nunca tiveram melhor sorte
(Albuquerque e outros que o digam) a menos que
tivessem participado de revoluções feitas
*em vez de* (v.g. o Condestável que fez 
fortuna e a casa de Bragança e acabou só Santo quase).

2 comentários:

  1. Caro António,
    O Jorge de Sena, além de um poeta de nomeada, foi um excelente crítico. Sempre estive com o chapéu estendido para os seus estudos de literatura portuguesa.
    Abr.,

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    1. Meu Caro José Carlos,
      É verdade, o Jorge de Sena para além de poeta e ficcionista deixou valiosíssima obra no domínio da Crítica Literária. Também muito o aprecio nessa vertente.
      Abraço.

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