António Osório, advogado e poeta, é o autor de hoje.
Dirigiu a Revista Anteu onde publicou os seus primeiros versos e ainda um texto teórico "Natureza e Missão da Poesia", onde face ao mistério de sermos humanos, propões s celebração da vida nos seus pequenos afectos e actos.
Nascido em 1933 em Setúbal, António Osório é uma das vozes mais originais da poesia portuguesa contemporânea.
Fica esta poesia:
A poesia não é, nunca foi
uma enumeração ou composto
de exuberância, bondade,
altitude, nem arado
ou dádiva sobre chão
prenhe de mortos.
Nem o arrependimento
de Deus por ter criado o homem
com o rosto da sua memória,
ao lado dos seus vermes.
Tão-pouco fôlego dos que amam
abrindo a porta límpida
do corpo e chovendo sobre a terra,
ou carregam como tartarugas
o peso do mundo.
Nem reverência por um tigre,
pela leveza maligna de todas as patas,
pela sonolência junto à estirpe
aprisionada também
na dureza de ser tigre.
É o milagre de uma arma
total, de uma só palavra
reduzindo o átomo à completa inocência.
uma enumeração ou composto
de exuberância, bondade,
altitude, nem arado
ou dádiva sobre chão
prenhe de mortos.
Nem o arrependimento
de Deus por ter criado o homem
com o rosto da sua memória,
ao lado dos seus vermes.
Tão-pouco fôlego dos que amam
abrindo a porta límpida
do corpo e chovendo sobre a terra,
ou carregam como tartarugas
o peso do mundo.
Nem reverência por um tigre,
pela leveza maligna de todas as patas,
pela sonolência junto à estirpe
aprisionada também
na dureza de ser tigre.
É o milagre de uma arma
total, de uma só palavra
reduzindo o átomo à completa inocência.
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