segunda-feira, 16 de abril de 2012

Nascido em Évora em 1945, Manuel Gusmão é o poeta de hoje. Professor universitário, ensaísta e tradutor, é fundador das revistas Ariane (estudos de literatura francesa) e Dedalus da Associação Portuguesa de Literatura Comparada.
Fica este poema:


Revolução orbital: vai-se a rosa transformando
na coisa múltipla, amante e amada, na acção
que assim a faz e nos acidentes mínimos – paisagens,
estações dos dias e das noites, dos anos da história.
Ondula no cérebro a fronteira que as margens da luz
desenham. E a rosa é uma hélice que vibra
no ar que a respirar obriga(s): torção dos pulmões,
do tronco e do sexo, dos nomes e dos vocativos
que se respondem: como um coração que deflagra
a rosa faz do ar que te falta a terra de onde nasces
e o chão sobre que danças.


In Dois sóis, a Rosa – A arquitetura do mundo

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