A cal que não fosse ávida de água...
Nunca escrevi versos em que usasse a
palavra cal.
Eu sei que nunca tive razões para o
fazer,
mas nunca fiz, e assim o digo.
Reconheço que já usei a palavra
óxido,
não muitas vezes, mas usei, noblesse
oblige.
Usei, já o disse, não para oxidar o
poema,
ou provocar outras reacções,
não que eu seja dado ao estudo da
química
mas dizem-me que pode haver reacções...
A cal, ao que dizem, é ávida de água
E eu só quero a cal que não é ávida
de água, seja água, água, ou
oxigenada;
não digam que estou a usar óxido
neste fazer o poema.
Não sou futurista, nem me corre
nas veias o mais leve ânimo
post-moderno,
por isso usei óxido com moderação
e ainda espero a cal que não seja
ávida de água.
António Eduardo Lico
António Eduardo Lico
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