domingo, 22 de abril de 2012

Nascido em 1481 em Coimbra e falecido em 1558, Sá de Miranda é o poeta de hoje.
Estudo na Escola de Santa Cruz e depois na Universidade de Lisboa onde fez o curso de leis, tendo-se tornado professor na mesma Universidade.
Em 1521 partiu para Itália, graças a uma parente abastada, Vitoria Colonna, marquesa de Pescara. Conviveu com algumas figuras do Renascimento italiano, como por exemplo Ariosto.
Introdutor em Portugal da nova estética renascentista, soneto, sextina, verso de dez sílabas, Sá de Miranda é o autor do século XVI mais lido e mais admirado depois de Camões.
Fica este poema:
Soneto

O sol é grande, caem coa calma as aves,
Do tempo em tal sazão que sói ser fria:
Esta água, que d'alto cai, acordar-me-ia,
Do sono não, mas de cuidados graves.

Ó coisas todas vãs, todas mudaves,
Qual é o coração que em vós confia?
Passando um dia vai, passa outro dia,
Incertos todos mais que ao vento as naves!

Eu vi já por aqui sombras e flores,
Vi águas, e vi fontes, vi verdura;
As aves vi cantar todas d'amores.

Mudo e seco é já tudo; e de mistura,
Também fazendo-me eu fui doutras cores;
E tudo o mais renova, isto é sem cura.


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