quarta-feira, 18 de abril de 2012

Nascido em Juíz de Fora, Minas Gerais em 1901 e falecido em Lisboa em 1975, Murilo Mendes é o poeta de hoje.
Murilo Mendes não tem escola - foi surrealista e barroco, tradiconal e moderno e desprezou o enquadramento em estéticas e escolas. Cultivou excelentes relações de amizade com inúmeros poetas, inlectuais e artistas, como Ezra Pound, Camus, Miró, Roman Jackobson, André Breton e muitos mais.
Fica este poema:


A tesoura de Toledo

Com seus elementos de Europa e África,
Seu corte, inscrição e esmalte,
A tesoura de Toledo
Alude às duas Espanhas.

Duas folhas que se encaixam,
Se abrem, se desajustam,
Medem as garras afiadas:
Finura e rudeza de Espanha,
Rigor atento ao real,
Silêncio espreitante, feroz,
Silêncio de metal agindo,
Aguda obstinação
Em situar o concreto,
Em abrir e fechar o espaço,
Talhando simultaneamente
Europa e África,
Vida e morte.

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