terça-feira, 16 de abril de 2013

Reponho uma poesia do poemário Que de dentro não se vê:


Vegetalmente

A areia ondula o deserto
vegetalmente, como se guardasse
toda a secura na sua memória de pedra.

Vegetalmente, a mineral areia,
aguarda pelas futuras florestas
e cada grão rola como se fosse verde.

A memória do verde escreve a vento
em cada grão de areia, vegetalmente,
a água que vai brotar, clara e fresca.

Como se no seu líquido ventre
grão a grão, todas as flores
fossem a areia, vegetalmente.

António Eduardo Lico  

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