domingo, 9 de março de 2014

Uma poesia de Herberto Hélder:



Levanto as mãos e o vento levanta-se nelas



LEVANTO as mãos e o vento levanta-se nelas.

Rosas ascendem do coração trançado

das madeiras.

As caudas dos pavões como uma obra astronómica.

E o quarto alagado pelos espelhos

dentro. Ou um espaço cereal que se exalta.

Escondo a cara. A voz fica cheia de artérias.

E eu levanto as mãos defendendo a leveza do talento

contra o terror que o arrebata. Os olhos contra

as artes do fogo.

Defendendo a minha morte contra o êxtase das imagens.

2 comentários:

  1. "(...)
    Maldito seja quem atirou uma maçã para o outro mundo.
    Uma maçã, uma mantilha de ouro e uma espada de prata".

    Este é outro poeta que devemos reverenciá-lo sempre.
    Abraços,

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    1. Plenamente de acordo caro amigo José Carlos. É sempre um deleite reler a poesia do Herberto Hélder.
      Abraços.

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