segunda-feira, 3 de março de 2014

Uma poesia de António Ramos Rosa:

Atento, vejo a chama fulva da abelha

Atento, vejo a chama fulva da abelha
e a cadência do desejo monótono vagabundo
num pequeno corpo ardente e frágil.
O mundo aqui é um sopro verde
em que tudo flui em silenciosos gozos.
Na delícia do ócio o pensamento
entrega-se ao vento e ao olvido.
Só o desejo ordena o fluente ardor
que em mil meandros se propaga no ar.
E de tanto respirar essa pátria volante
eu própria sou a espessa substância do bosque.

2 comentários:

  1. Atento, eu não perco os poemas de Antonio Ramos Rosa. Sempre os relendo, pois assim o fazendo, quem sabe, não consiga "apreender a espessa substância" que emana da sua poesia.
    Abraços,

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    1. Ah sim, também me acontece o mesmo. Comprei o primeiro livro de Ramos Rosa há muitos anos atrás, muitos mesmo e ainda o releio com toda a atenção. António Ramos Rosa é dos poetas que vamos descobrindo, palavra a palavra, verso a verso.
      Abraço.

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