Havia um crítico...
Havia um crítico que
gostava de criticar poesia.
Digo analisar. E
analisava!
Analisava em jeito de
caixa de petri,
Dizem-me alguns que era
mais tubo de ensaio.
Não sei se era um
senhor alto, ou baixo,
se usava chapéu e se
fazia ginástica.
Se a fazia, não a
devia fazer
os críticos nunca
fazem ginástica,
com excepção dos
críticos que a fazem,
poderia dizer um
filósofo
que subitamente virasse
lógico.
Perante o poema, sim,
faz ginástica:
Fala de Lyotard, sim
esse mesmo
que foi promovido a
fenomenologista;
vejam bem, ele falava
de fenomenologia,
e nem sei como não o
promoveram
à incarnação gaulesa
de Kant:
assim, uma espécie de
Kant
perdido nos canteiros
de Versalhes
e nas alamedas das
universidades
olhando para as pernas
das jovens estudantes.
Por sorte (a de Kant),
Kant há muito morreu,
ainda seria olhado como
pós-moderno.
Estou a ver: Kant, esse
prolegómeno pós-moderno!
Depois desse Lyotard é
que chegam os exercícios pesados:
Chega Sein
unt Zeit, chega Heidegger.
Pois ele não dizia que
era herdeiro
legítimo da tradição
metafísica europeia,
e que estava
solidamente escorado no niilismo,
e até falava de
ontologia
e do esquecimento do
ser como centro de interrogação
e que a linguagem é a
casa do ser?
Se for caso disso,
remata o exercício com Baudrillard,
de caminho vai dizendo
que Platão e Aristóteles eram gregos...
de caminho vai dizendo
que Platão e Aristóteles eram gregos...
Eu nunca escrevi um
poema que fosse assim:
As rosas ao meio dia são mais antigas
que as rosas às onze horas
Eu sei que nunca
escrevi, mas poderia ter escrito
Não escrevi, porque
não sou dado a exercícios.
Se escrevesse, iriam
trazer Lyotard, para falar
Da pós-modernidade
moderna sem modernistas,
de como a democracia
tanto deve
ao professor nazi de
filosofia
Martin Heidegger de seu
nome, substituto de Husserl
iriam trazer esse
Baudrillard, ou outros.
Melhor era usarem um
manual de jardinagem
um dos bons, que os há.
Os manuais de
jardinagem sabem falar de rosas.
Os poetas, como não
sabem falar de rosas
falam das rosas que
irão um dia existir,
se existirem!
António Eduardo Lico
La poesía debe ser la salida del sentimiento, dejar fluir todo lo que se lleva dentro. Sin hacer tratados,ni manuales.
ResponderEliminarEs así como puede llegar más al otro.
Un beso.
Es cierto asi.
EliminarBesos.
Bom dia!!
ResponderEliminarADOREI TUA MANEIRA de poetizar,sutileza inspirada.
beijos
veraportella
Obrigado Verinha.
EliminarUm bom dia para si.
Beijos.
A poesia é um estado de alma que os deuses distribuem ao seu bel prazer e independe de qualquer filosofia e erudição. A poesia não se deixa aprisionar e é livre como as forças da natureza.
ResponderEliminarUm abraço
Claro que é assim.
EliminarAbraço.
Por isso, António, gosto do adágio: Quem sabe faz, quem não sabe ensina". Claro! Apenas como um jogo verbal. O seu poema é um verdadeiro achado!
ResponderEliminarAbr.,
É verdade José Carlos, inteiramente de acordo.
EliminarSim, saiu um jogo verbal. Não que fosse pensado para ser assim, dado que 95% da minha poesia é fruto da inspiração momentânea e não leva correcções. Poesia pensada, ou melhor com trabalho oficinal apenas a que tem métrica e rima e os poemas longos que exigem sempre uma releitura para limar arestas.
Abraço.