quinta-feira, 13 de junho de 2013

Uma poesia de Jorge Barbosa:


POEMA DO MAR

O drama do Mar,
O desassossego domar,
                         sempre
                         sempre
                        dentro de nós!

O Mar!
cercando
prendendo as nossa Ilhas!
Deixando o esmalte do seu salitre nas faces dos pescadores,
Roncando nas areias das nossas praias,
Batendo a sua voz de encontro aos montes,
baloiçando os barquinhos de pau que vão Poe estas costas...

O Mar!
pondo rezas nos lábios,
deixando nos olhos dos que ficaram
a nostalgia resignada de países distantes
que chegam até nós nas estampas das ilustrações
nas fitas de cinema
e nesse ar de outros climas que trazem os passageiros
quando desembarcam para ver a pobreza da terra!

O Mar!
a esperança na carta de longe
que talvez não chegue mais!

O Mar!
Saudades dos velhos marinheiros contando histórias de tempos passados,
Histórias da baleia que uma vez virou canoa...
de bebedeiras, de rixas, de mulheres,
nos portos estrangeiros...

O Mar!
dentro de nós todos,
no canto da Morna,*
no corpo das raparigas morenas,
nas coxas ágeis das pretas,
no desejo da viagem que fica em sonhos de muita gente!

Este convite de toda a hora
que o Mar nos faz para a evasão!
Este desespero de querer partir
e ter que ficar!

4 comentários:

  1. António, gostei deste mar, e fico sempre em extase (lol) quando descubro um novo poeta, nao conhecia, minha ignorancia, mas deixarade o ser.
    Kandandu

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  2. Sim, apercebi-me da origem caboverdiana, a Morna...
    Vou levar o poema para Cores & Palavras e um dia deste publico-o.
    kandandu

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    1. Merece a honra, pois é um poeta com sensibilidade e estilo.
      Abraço.

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